Lisboa - Quase 60% dos brasileiros não conhecem nenhuma forma de coleta de esgoto. Se levarmos em conta que as cidades mais ricas, das regiões mais privilegiadas, cuidaram do tema mais e melhor do que as cidades pobres das regiões periféricas do País, concluiremos que para alguns patrícios nossos, saneamento já virou direito; para outros, nem chega a ser sonho. A maioria, aliás, passa longe de benefício social tão essencial.
Quando fui prefeito de Manaus, trabalhei exaustivamente essa prioridade. Foram quase 500 km de drenagem, verdadeiras cidades subterrâneas, contando apenas com os recursos próprios de uma prefeitura muito menor que a Manaus de hoje. Se outros tivessem feito a mesma opção, vidas teriam sido poupadas, junto com dinheiro que é gasto em doenças que o saneamento teria evitado.
Compartilho com quem me lê aqui neste espaço, que, se a máquina do tempo soltasse seu laser levando-nos a recuar ao ano de 1989, sem nenhuma dúvida que faria tudo de novo. Nenhum arrependimento. Ao contrário, consciência bem tranquila e muita certeza de que as prioridades verdadeiras estão às vistas de todos. Governantes insensíveis é que gostam de fingir que não as enxergam.
Preferem as obras vistosas, muitas vezes desnecessárias. Deixam de lado o interesse verdadeiro da gente sofrida que perde saúde diariamente pisando na lama, em meio ao cheiro apodrecido dos esgotos a céu aberto.
Pena que seja assim!
*Diplomata
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