Jorge Viana recusa convite para lugar de Marina Silva. Lula refaz convite a Minc

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Publicada em 14/05/2008 às 14h54m

Adriana Vasconcelos e Cristiane Jungblut - O Globo; Ricardo Noblat e Miriam Leitão; Cristiane de Cássia - O Globo; O Globo Online

BRASÍLIA E RIO - O ex-governador do Acre Jorge Viana (PT) recusou o convite do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para assumir o comando do Ministério do Meio Ambiente,

informa o colunista Ricardo Noblat.

Segundo a colunista Miriam Leitão,

o presidente Lula refez o convite ao secretário de Meio Ambiente do Rio, Carlos Minc, para assumir o Ministério. Ainda de acordo com a colunista, Minc deverá aceitar. O governador do Rio, Sérgio Cabral, confirmou os convites. Segundo Cabral, a consulta foi novamente feita nesta manhã. A informação do primeiro convite de Minc foi dada em primeira mão na terça-feira

pelo site Ancelmo. com.

- O presidente Lula fez o convite e eu não tinha como negar. Acho que seria muito importante para o Brasil ter um militante ambiental proativo como o Minc - disse o governador, acrescentando que chegou até a ligar para o secretário, que está em Paris, "mas, ele [Minc] disse que precisava de algumas horas para pensar".

Tião Viana diz que irmão fez opção por vida pessoal

A Ao deixar o apartamento da ex-ministra Marina Silva, onde estava também Jorge Viana, o senador Tião Viana (PT-AC) não quis confirmar ou não a ida do irmão para o cargo de Marina. O parlamentar explicou que Jorge fez uma opção por cuidar da vida pessoal e retornar à vida pública só em 2010.

Tião negou ainda que o PT tenha vetado Carlos Minc, acrescentando que o nome do secretário do Ambiente do Estado do Rio é no momento "cotadíssimo" para o cargo. Tião afirmou que Marina, apesar da demissão, está "serena e com sentimento de dever cumprido".

Mais cedo, em entrevista à GloboNews, ao desembarcar em Paris, na madrugada desta quarta, Minc disse que não foi procurado pelo Planalto. Segundo Minc, ao saber da demissão da ministra, ele ligou para o governador Sérgio Cabral que o fez prometer que não iria para Brasília.

- Não conversei com Lula, não conversei com a Marina. Ele (Cabral) disse que o Lula ia me ligar, e eu prometi de pés juntos que não vou para Brasília - afirmou Minc.

Cabral disse nesta manhã que acredita que Minc levou a sério uma brincadeira que ele fez na terça-feira. O governador disse que, após saber por Minc que a ministra Marina tinha deixado o cargo, alertou o secretário que ele poderia ser chamado para ocupar a pasta. Em tom de brincadeira, Cabral teria dito a Minc que não poderia aceitar porque tinha de continuar no governo do Rio.

(No Blog do Noblat: o passo-a-passo das negociações)

O principal argumento de Viana é de que uma resposta positiva afetaria inevitavelmente sua relação com a ex-ministra Marina Silva,

,que deixou o cargo se sentindo desautorizada e desgastada pelos vários embates que teve de enfrentar ao longo dos cinco anos e cinco meses que permaneceu no cargo.

Embora a ex-ministra não pretenda se transformar em adversária do governo Lula, ela estaria bastante magoada.

Viana teria dificuldades para não defender posições de Marina

Aliado e amigo de Marina Silva, Viana teria dificuldades para assumir seu lugar e não defender pelo menos parte das posições assumidas pela ex-ministra, que resistiu

em enquanto pôde às pressões da Casa Civil pela aceleração da liberação de licenças ambientais para obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

A ex-ministra também comprou briga com vários governadores, especialmente da região Norte, por cauda de suas críticas e alertas ao avanço do desmatamento da floresta amazônica.

Com a eleição praticamente garantida para o Senado em 2010, Viana também teria argumentado com o presidente Lula que é a primeira vez que estaria podendo organizar a vida desde que deixou o cargo de governador do Acre. Ele assumiu recentemente a presidência do Conselho Administrativo da Helibras, fabricante mineira de helicópteros, e a vaga de conselheiro da Aracruz Celulose, o que estaria lhe dando uma excelente renda mensal.

Lula já havia convidado Jorge Viana para substituir Marina em fevereiro deste ano,

conforme informa Ricardo Noblat

. O presidente estaria insatisfeito por causa da divulgação de dados que provavam o avanço do desmatamento da Amazônia. Ele recusou o cargo na ocasião por ser do mesmo grupo de Marina.

Ainda segundo Ricardo Noblat, pouco depois de ser surpreendido, na terça-feira,com o pedido de demissão de Marina, Lula telefonou para o governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), pedindo que cedesse Minc para substituir Marina. O governador cedeu.

Segundo Miriam Leitão, no fim da noite, o PT acabou vetando o nome de Minc

. Ainda de acordo com a colunista, a solução, por sugestão de Cabral, foi Minc dizer que recusou.

Marina Silva pediu demissão do cargo na terça-feira, em caráter irrevogável. Os motivos não foram divulgados oficialmente, mas a interferência do ministro de Assuntos Estratégicos, Mangabeira Unger, na área de meio ambiente foi o estopim para a saída. Marina volta para o Senado e perde a vaga seu suplente, Sibá Machado (PT-AC).

Em carta de três páginas encaminhada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva,

Marina diz que pediu demissão por "dificuldades que tem enfrentado há algum tempo para dar prosseguimento à agenda ambiental". (

Vote: Quem perde com a saída de Marina Silva do governo?

)

Fontes do Palácio do Planalto dizem que Lula não gostou da forma como a ministra anunciou sua demissão para a imprensa. Mal o presidente ficou sabendo do pedido da ministra, a assessoria dela já estava confirmando para os jornalistas a entrega do cargo. Para Lula, o anúncio acabou ganhando proporção desnecessária, segundo um assessor.

Pediram demissão também o presidente do Ibama, Bazileu Margarido, o presidente do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, João Paulo Capobianco, que também é secretário-executivo do ministério.

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