Rússia e Irã condenam ataque dos EUA, que pedem saída de Assad do comando da Síria


Putin e Rouhani pediram investigação sobre ataque com armas químicas da Síria, enquanto embaixadora dos EUA na ONU pediu saída do presidente sírio.

O presidente russo Vladimir Putin (esq.) aperta a mão do presidente iraniano Hassan Rohani durante encontro no Kremlin
 O presidente russo Vladimir Putin (esq.) aperta a mão do presidente iraniano Hassan Rohani durante encontro no Kremlin (Foto: Sergei Karpukhin/pool/AFP)

Os presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e do Irã, Hassan Rouhani, disseram em uma ligação telefônica que as ações dos Estados Unidos contra a Síria violavam a lei internacional, segundo informou o Kremlin neste domingo (9). Os Estados Unidos, por sua vez, pediram a saída de Bashar Al-Assad do governo sírio, informou a agência France Presse.
Putin e Rouhani, líderes dos dois principais aliados da Síria, voltaram a colocar em xeque o ataque que motivou a primeira iniciativa militar direta dos Estados Unidos contra a Síria, segundo informações da Reuters. Os dois pediram uma investigação objetiva sobre o incidente envolvendo as armas químicas na Síria e afirmaram estarem prontos a aprofundar a cooperação para combater o terrorismo.

Apoio russo e iraniano a Assad

No sábado (8), os chefes militares de Rússia e Irã já haviam condenado a ação militar norte-americana e afirmado a determinação dos dois países de continuar a lutar contra os "terroristas" na Síria. Os generais Mohammad Bagheri e Valery Gerasimov classificaram a ação como uma "agressão contra um país independente", indicou a agência oficial de notícias Irna.
Ambos expressaram sua vontade de continuar sua cooperação militar em apoio ao presidente Bashar al-Assad, "até a derrota total dos terroristas e daqueles que os apoiam". Os ataques americanos "buscam diminuir as vitórias do Exército sírio e seus aliados, e reforçar os grupos terroristas", disseram, em um comunicado.
Um centro de comando das Forças Armadas divulgou um comunicado a um veículo de imprensa local condenando o ataque dos EUA.

Resposta norte-americana

Nikki Haley, embaixadora dos EUA na ONU, fala à imprensa nesta quinta-feira (16) após reunião no Conselho de Segurança da ONU
 Nikki Haley, embaixadora dos EUA na ONU, fala à imprensa nesta quinta-feira (16) após reunião no Conselho de Segurança da ONU (Foto: AP Photo/Mary Altaffer)

Em entrevista à CNN, a embaixadora americana na ONU, Nikki Haley, afirmou que Assad não pode continuar no poder após o ataque químico que os Estados Unidos atribuíram ao governo dele, antes de bombardear uma base aérea do exército na Síria. "Não existe nenhuma opção na qual possa ocorrer uma solução política com Assad na liderança do regime."
Estas declarações mostram uma possível mudança de perspectiva da administração do presidente Donald Trump sobre a Síria depois do "ataque químico", que deixou na terça-feira (4) ao menos 87 mortos, incluindo dezenas de crianças, na cidade de Khan Sheikhun.
As imagens de civis com convulsões mesmo usando máscaras de oxigênio e de morrendo nas ruas provocaram uma comoção no mundo. Em represália, os Estados Unidos lançaram 59 mísseis Tomahawk contra uma base aérea em Damasco, na Síria.
"Vendo suas ações, vendo a situação, será difícil ver um governo estável e pacífico com Assad", acrescentou Haley. "Acreditamos que uma mudança de regime é algo que deveria acontecer", declarou, acrescentando, no entanto, que Washington também se concentra na luta contra o grupo extremista Estado Islâmico (EI) e no fim da influência iraniana.

Prioridade é o Estado Islâmico

O secretário de Estado americano, Rex Tillerson, também afirmou em entrevista à CBS que "a primeira das prioridades [para os EUA na Síria] é a derrota" do EI.
"Uma vez que a ameaça do EI tenha sido reduzida, inclusive eliminada, acredito que poderemos então dirigir nossa atenção diretamente à estabilização da situação na Síria", declarou.
A mudança de regime em Damasco e a saída de Assad, que durante anos foi um desejo reiterado pela administração Obama, não parecia ser uma prioridade para a gestão Donald Trump. O ataque contra Khan Sheikhun, no entanto, parece ter mudado a situação, já que os EUA não lançaram o ataque aéreo contra o governo sírio como afirmou que "pode realizar mais ações".
As primeiras análises realizadas com as vítimas de Khan Sheikhun sugerem que foram expostas ao gás sarin, um potente agente neurotóxico. A natureza exata da substância usada, porém, continua em debate. O governo sírio negou todas as acusações e afirmou que em 2013 ratificou a Convenção sobre a proibição de armas químicas.

Rohani reitera apoio a Assad

Em agosto de 2013, o regime havia sido acusado de utilizar gás sarin em um ataque contra dois setores rebeldes na periferia de Damasco, que deixou centenas de mortos.
A Síria deveria ter destruído todo o seu arsenal químico seguindo um acordo entre Estados Unidos e Rússia, mas em várias ocasiões já houve suspeitas de que realizou ataques químicos. Moscou e Teerã condenaram fortemente as acusações contra seu aliado sírio.
Rohani telefonou a Assad para reiterar a ele seu apoio e condenar o ataque americano, segundo a agência oficial Sana.

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