E a Lava Jato pegou João Santana

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DANIEL HAIDAR
22/02/2016 - 13h04 - Atualizado 22/02/2016 14h18

JUNTOS HÁ 15 ANOS João Santana está no sétimo casamento, com Mônica Moura (acima). “É a grande mulher da minha vida”, diz (Foto: Arq. pessoal)



O marqueteiro João Santana, principal alvo da Operação Acarajé, a 23ª fase da Lava Jato, nesta segunda-feira (22), apareceu pela primeira vez nas investigações de maneira fortuita. O envolvimento dele e da mulher, Monica Moura, com o petrolão ficou claro a partir de fevereiro do ano passado, na 9ª fase da operação. Naquela etapa, a Polícia Federal achou na casa do operador Zwi Zkornicki, um personagem envolvido com remessas de dinheiro sujo fruto de propinas na Petrobras, uma carta enviada pela esposa de Santana. Mônica dava instruções para que Zwi depositasse dinheiro em contas do casal no exterior. Ficou indicado ali que o marqueteiro do PT mantinha uma offshore, batizada “Shellbill”, registrada no Panamá, e contas nos Estados Unidos e na Suíça. A partir disso, a Polícia Federal rastreou as movimentações financeiras de Santana no exterior.

No manuscrito enviado ao operador, a esposa do marqueteiro também anexou uma cópia, rasurada, de um contrato entre a offshore do casal, a Shellbill, e a offshore Kleinfeld. Monica rasurou mal o papel, o que permitiu aos investigadores descobrir os nomes que ela pretendia ocultar. Quatro meses depois, em junho, a Polícia Federal prendeu Marcelo Odebrecht, presidente da empreiteira, e apreendeu um gigantesco material na empresa. No meio, milhares de mensagens permitiram identificar, por exemplo, que a Kleinfeld era uma offshore usada pela Odebrecht. Na caixa de e-mails de um executivo da empresa, Fernando Migliaccio, foi encontrada também uma planilha que permitiu identificar que a Kleinfel fizera pagamentos a João Santana. Além do marqueteiro, chamado de “Feira” no documento, aparecem pagamentos também a o ex-ministro José Dirceu, chamado de “JD”.
Carta escrita por Mônica Moura, mulher do marqueteiro João Santana, para o lobista Zwi Skornicki (Foto: Reprodução)











De acordo com as investigações, Santana recebeu pelo menos US$ 7,5 milhões de origem ilícita no exterior. Desse montante, pelo menos US$ 4,5 milhões foram pagos por Zwi Zkornicki. Foram detectadas pelo menos nove transferências entre 25 de setembro de 2013 e 4 de novembro de 2014 de Zkornicki para a offshore Shellbill Finance, de Santana. Os investigadores concluíram que houve pagamentos durante a campanha eleitoral de 2014. João Santana também recebeu da construtora Odebrecht pelo menos US$ 3 milhões, entre 13 de abril de 2012 e 8 de março de 2013, também transferidos para a offshore Shellbill, mantida no Panamá. Para os investigadores, há evidências de que esse montante foi transferido em benefício do PT. As investigações revelaram que o marqueteiro utilizou R$ 3 milhões, recebidos da Odebrecht, para comprar um apartamento em São Paulo. O vendedor do imóvel foi pago com dinheiro transferido de uma conta mantida por Santana nos Estados Unidos.
A operação contra Santana escancara mais um meandro do esquema de corrupção. Zwi Skornicki era representante da empresa Keppel Fels e chegou a ser preso temporariamente na 11ª fase da Lava Jato, no ano passado. As investigações continuaram desde então e ficou comprovado que ele fez pagamentos de propina para o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque e para os ex-gerentes Pedro Barusco e Eduardo Musa.
Na Operação Acarajé, foram expedidos 38 mandados de busca e apreensão, dois mandados de prisão preventiva, seis mandados de prisão temporária e cinco mandados de condução coercitiva. Até o momento, foram presos Zwi Zkornicki, Maria Lucia Guimaraes e Vinicius Borim. Maria Lúcia era secretária do grupo Odebrecht e Borim era representante de bancos de Antígua e Barbuda, que foram utilizados pela Odebrecht para pagamentos de propina. Permanecem foragidos João Santana e a esposa Mônica, Marcelo Rodrigues (ligado à Odebrecht), Benedicto Júnior (vice-presidente da Odebrecht) e Fernando Migliaccio (funcionário da Odebrecht). João Sananta e Monica Moura não foram presos porque estão na República Dominicana, onde trabalham na campanha à reeleição do presidente Danilo Medina.
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