Garimpeiros do Juma recebem permissão de lavra

Em Destaque
Por -
0
Depois de quatro anos trabalhando na ilegalidade, sob constante ameaça de despejo, as mais de 350 famílias do garimpo do Juma, localizado no município de Novo Aripuanã, começaram o mês de maio como permissionários do primeiro garimpo em terra firme devidamente legalizado no Amazonas. A Permissão de Lavra Garimpeira e a Licença de Operação foram entregues pelo Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) e o Instituto Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam), respectivamente, no domingo, dia 1º. maio, durante evento realizado na sede da Cooperativa Extrativista Familiar Juma (Cooperjuma). A partir da legalização, o garimpo recebeu a denominação de projeto Eldorado Juma.

“Escolhemos o Dia do Trabalhador para fazer a entrega das licenças pelo simbolismo da data, porque a partir de agora todos vocês terão tranquilidade para produzir ouro, de maneira organizada e sustentável. Com a legalização, todos saem ganhando a cooperativa, Governo do Estado, Governo Federal e município de Novo Aripuanã, com receita gerada com a extração do ouro”, afirmou o secretário estadual de Mineração, Geodiversidade e Recursos Hídricos, Daniel Nava, responsável pela implantação do projeto.

A entrega da documentação mobilizou vários órgãos dos Governos Estadual e Federal. Os garimpeiros do Juma vestiram sua melhor roupa para esperar pelas autoridades, que chegaram ao garimpo às 8h30, depois de enfrentar, por mais de duas horas, os quase 80 quilômetros que separam o garimpo da sede do município de Apuí. O secretário Daniel Nava, acompanhado do presidente do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam), Antonio Stroski, do coordenador do Centro Estadual de Unidades de Conservação (Ceuc), Sérgio Gonçalves, do superintendente do Serviço Geológico do Brasil (CPRM), Marco Antonio Oliveira, do comandante do Policiamento do Interior, coronel George Catete, do deputado estadual Sinésio Campos (PT), líder do governo, do geólogo Fred Cruz, do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), dos prefeitos de Novo Aripuanã, Aminad Santana e de Apuí, Antonio Marcos Maciel Fernandes, além de vereadores e lideranças dos dois municípios.

Logo na chegada, autoridades visitaram o viveiro com mil plantas cultivadas pelos garimpeiros e que serão plantadas para recuperar uma área de 100 hectares degradados pela atividade garimpeira. As primeiras mudas foram plantadas no domingo e as demais serão plantadas o mais rapidamente possível para aproveitar o período das chuvas.

A permissão de lavra garimpeira foi entregue à Adeilda Pereira Damaceno, presidente da Cooperjuma, pelo geólogo Fred Cruz, do DNPM. A licença de operação, pelo presidente do Ipaam Antonio Stroski. Mas, antes de ter em mãos a documentação, os garimpeiros participaram de um curso de Boas Práticas Ambientais, no qual os representantes dos órgãos responsáveis pelo projeto repassaram aos trabalhadores as informações necessárias para que possam cumprir com todas as contrapartidas exigidas para regularização do garimpo e constantes do Plano de Recuperação de Área Degradas. “Nossa vida agora vai melhorar e podem ter certeza de que nós vamos honrar com todos os compromissos assumidos”, garantiu a presidente do Cooperjuma. Em um discurso emocionado, ela fez questão de agradecer ao governador Omar Aziz, aos secretários Daniel Nava e Nádia Ferreira, ao presidente do Ipaam, aos representantes do DNPM e do Serviço Geológico do Brasil, além do deputado Sinésio Campos, pelo empenho e confiança que vão tirar da informalidade quase 400 trabalhadores.

Recuperação ambiental

O secretário Daniel Nava destaca a importância do Programa de Recuperação de Áreas Degradas lançado no ato da entrega das licenças operacionais do projeto Eldorado Juma. “Para se produzir ouro é preciso mexer na terra, mas também é preciso se responsabilizar em recompor o ecossistema degradado. “Eles estão recendo as orientações do Ipaam, do Ceuc, do Idam, que ajuda a aprimorar as técnicas adotadas no viveiro. Há muitas coisas que eles precisam de ajuda. Nós, do Governo do Estado, vamos cumprir com as nossas responsabilidades, contribuindo para que esses trabalhadores tenham as condições necessárias para viver com dignidade”, afirmou Daniel Nava, após plantar uma muda de mogno, uma das espécies que sejam cultivadas na área já degrada do projeto Eldorado Juma.

Entre as 10 mil mudas que serão plantadas há também outras espécies de madeira de lei, como o cedro e pau-brasil. Na área já degrada pelo garimpo serão plantadas também arvores frutíferas tropicais, como cupuaçuzeiro. “Vamos recompor a natureza e ao mesmo tempo começar uma nova atividade econômica para breve, que é a agricultura”, anunciou a presidente da Cooperjuma, Adeilda Damaceno.



Fé no recomeço

“Eu tenho muito fé em Deus que agora vai melhor. Nós já sofremos muito e a gente merece ter uma coisa melhor”. A afirmação feita por Dolores da Silva parecia um coro entre as centenas de garimpeiros que vivem no projeto Eldorado do Juma. Apesar da expressão cansada e das marcas visíveis deixadas pela vida de muito trabalho e muitas dificuldades, neste dia 1º. maio todos pareciam bastante animados e faziam questão de demonstrar este contentamento. Eles também demonstraram disposição para cumprir todas as determinações imposta pelos órgãos de licenciamento ambiental e controle da atividade mineral.

Dólares da Silva, a exemplo da maioria das mulheres, exibiaa cordões, pulseiras e brincos produzidos com o ouro extraído do garimpo. Ela, como a maioria, consegue apurar entre R$ 2 mil a R$ 3,5 mil por mês com a atividade. Da produção, cerca de 40% é vendida para Raimundo Conrado, um maranhense que paga R$ 63 pelo grama do ouro que é vendido bruto, em seu estabelecimento, uma casinha de madeira, de apenas um cômodo onde trabalha e mora, localizada na única rua que divide as casas do garimpo.





Potencial do Juma é promissor, afirma CPRM.

Pelos cálculos do superintendente do Serviço Geológico do Brasil, Marco Antonio Oliveira, o potencial de produção do projeto Eldorado Juma é bem mais promissor do que sugere a produção de ouro registrada nos últimos quatro anos, cerca de 1 tonelada. Segundo o superintende, o volume de ouro já extraído pelos garimpeiros é significativo. “Esse ouro é um ouro ainda superficial, ele está a flor da terra e é o ouro mais fácil do garimpeiro retirar, no entanto, existe uma rocha abaixo deste solo que também contém ouro. Eu acredito que o potencial seja muito grande e é por isso que o Serviço Geológico do Brasil vai começar um trabalho aqui, a partir de agosto, pra fazer uma mensuração do volume de ouro existente”, anunciou Marco Antonio Oliveira.

Postar um comentário

0Comentários

1. O Blog em Destaque reserva-se o direito de não publicar ou apagar acusações insultuosas, mensagens com palavrões, comentários por ele considerados em desacordo com os assuntos tratados no blog, bem como todas as mensagens de SPAM.

Postar um comentário (0)