Crianças cardiopatas passam a ter acesso ao cateterismo percutâneo na rede estadual de saúde

Em Destaque
Por -
0


            A rede pública estadual de saúde agora passa a oferecer um dos mais importantes procedimentos médicos para crianças portadoras de doenças cardíacas. O Hospital Universitário Francisca Mendes inaugurou, nesta segunda-feira (16), o cateterismo percutâneo infantil, um dos maiores avanços no tratamento de problemas no coração. Os primeiros procedimentos foram realizados na ala de Hemodinâmica do hospital e beneficiaram cinco crianças.

            O Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Estado da Saúde (Susam), oferece cirurgias cardíacas a crianças desde 2005 através de convênio com o Hospital Santa Júlia, que não contempla o cateterismo percutâneo. "Agora nós estamos agregando ao tratamento das crianças cardiopatas, ou com lesões cardíacas congênitas, outro método de tratamento que evita a operação naqueles casos em que é possível fazer o tratamento pelo cateterismo", disse o secretário de Estado de Saúde, Wilson Alecrim.
            Os primeiros procedimentos realizados na segunda-feira, por uma equipe médica liderada pelo cardiologista pediátrico Ronaldo Camargo, atenderam cinco crianças encaminhadas pelo Instituto de Saúde da Criança do Amazonas (Icam). Por mês, a capacidade de atendimento é de até 20 crianças. "O procedimento é mais célere e tem resultado semelhante ao da cirurgia cardíaca convencional. Ele é minimamente invasivo e a recuperação é mais rápida, em cerca de vinte e quatro horas o paciente já está habilitado", frisou Ronaldo Camargo.

            Todo o procedimento do cateterismo percutâneo é feito através de um vaso na região da virilha chamado femural. Ao serem introduzidos, os cateteres produzem imagens do coração e ajudam a identificar o problema cardíaco do paciente e, posteriormente, pelo mesmo cateter é realizada a correção da cardiopatia. É a chamada cirurgia sem corte, realizada apenas por uma punção do vaso, conforme detalha o cardiologista. Após o procedimento do cateterismo percutâneo, a criança ainda prossegue fazendo o acompanhamento médico no Icam.

            "Há, basicamente, dois tipos de problema. Um em que a criança tem falta de fluxo de sangue para ir ao pulmão, por algum defeito, e outro caso em que ela pode ter algum 'buraco' na comunicação que faz com o que vá para o pulmão em grande quantidade. Quando a gente aborda no cateterismo consegue acessar o coração e, através de cateteres, colocar um dispositivo que corrige esse problema no canal arterial", explicou Ronaldo Camargo.

            Segundo o médico, na maioria dos casos de cardiopatias, o procedimento de cateterismo percutâneo precisa ser feito nos primeiros cinco anos de vida do paciente. "Algumas pessoas têm alguns defeitos que podem aguardar um pouco mais. Quando você não resolve um problema congênito, você tem um coração trabalhando em excesso, sobrecarregado. Isso pode deixar a criança desnutrida, com dificuldades de desenvolvimento, risco de ter pneumonia e problemas que a levem a ser hospitalizada, com risco de vida. Quando o procedimento é feito entre dois e cinco anos, no máximo, a criança tem condições de desenvolver melhor, ter uma vida normal", explicou.

            Alívio - Para os familiares de crianças cardiopatas, a chegada do procedimento no Estado é um alívio. O auxiliar de almoxarifado, Valdênis Marques, pai do pequeno Vinícius Menezes, 4 anos, descobriu a doença do filho logo após o parto. "Minha esposa e eu ficamos na expectativa. Lutamos com ele, fazendo o tratamento até chegar a esse dia. Estamos confiantes e agora nossa esperança é que dê tudo certo para nosso filho", disse.

            Inicialmente, o Hospital Francisca Mendes começa fazendo dois dos cinco procedimentos de cateterismo percutâneo existentes. Será possível fazer o procedimento de Estenose da Válvula Pulmonar e o da Persistência do Canal Arterial. Até o final do ano, a unidade já estará fazendo os procedimentos de Estenose Valvular Aórtica, Comunicação Interatrial e Comunicação Interventricular.

            Segundo Wilson Alecrim, a partir de 2012 o Hospital Francisca Mendes passará também a fazer cirurgias cardíacas pediátricas através de um convênio estabelecido com o Instituto do Coração da Universidade de São Paulo. "Será mais uma oferta de tratamento para as crianças com cardiopatias se tratarem aqui no Amazonas", destacou o secretário.

            Ano passado, a rede estadual de saúde trouxe outro avanço para o tratamento de crianças cardiopatas no Amazonas com a implantação do procedimento de ecocardiogramas com doppler em maternidades, para diagnosticar os casos de cardiopatias logo após o nascimento.




Fotos: Nonato Duarte /AGECOM


Postar um comentário

0Comentários

1. O Blog em Destaque reserva-se o direito de não publicar ou apagar acusações insultuosas, mensagens com palavrões, comentários por ele considerados em desacordo com os assuntos tratados no blog, bem como todas as mensagens de SPAM.

Postar um comentário (0)