Despesca de pirarucu na Reserva de Piagaçu-Purus termina dia 25

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Oito toneladas. Esta é a estimativa de peso feita pelos pescadores para a despesca (captura com malhadeiras e arpões dos peixes existentes nos lagos) dos 154 pirarucus manejados, acima de 1,50m, que serão capturados até a quinta-feira, dia 25, em dois dos 23 lagos do Violão e Picica localizados na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Piagaçu Purus, próximo da Vila de Itapuru, cerca de 62 km do municipio de Beruri, na região do Purus, com 547 habitantes.

Segundo Ana Cláudia Leitão, chefe da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Piagaçu-Purus, vão ser pescados 20% do estoque adulto em cerca de 23 lagos, dependendo do acesso.


A atividade tem o apoio do Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SDS), do Centro Estadual de Unidades de Conservação (CECUC) e do Instituto Piagaçu (IPi).
"Além da despesca, os comunitários participam, ainda, de cursos sobre manejo comunitário de pesca, com ênfase na técnica de contagem visual de pirarucu, manuseio e comercialização do pescado, e de uma palestra sobre desenvolvimento sustentável e fortalecimento comunitário", explica.


Com a captura os IPi fizeram o levantamento de dados e informações sobre a abundância de pirarucus na RDS Piagaçu-Purus, embasando o pedido de solicitação para o abate experimental de pirarucus adultos junto ao Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) e à instituição gestora, o Centro Estadual de Unidades de Conservação (CEUC).



Para Ana Cláudia, que acompanha os trabalho dos pescadores, a pesca de subsistência apresenta uma estreita relação com a pesca comercial ribeirinha. ''Além de contribuir para a alimentação das famílias dos pescadores ribeirinhos, também caracteriza-se por ser importante fonte de renda para as mesmas'', acrescenta gestora da unidade. Os trabalhos de conscientização e de envolvimento dos comunitários no manejo participativo nas comunidades da RDS Piagaçu-Purus já mostram resultados positivos. Atualmente os comunitários conservam as áreas de reprodução e ainda evitam a comercialização da espécie, dentro de uma proposta de manejo na RDS.


A despesca de pirarucu na reserva serve de exemplo para que outras comunidades se interessem para preservar os lagos e riquezas existentes na unidade de conservação Piagaçu-Purus. O manejo do pirarucu além de gerar renda aos moradores estabelece uma maior conscientização ambiental, promovendo a conservação da biodiversidade e a melhoria na qualidade de vida. Além disso, as demais espécies e o ambientes se favorecem com o manejo.
"Um trabalho de quase três anos vem sendo realizado especificamente com o manejo do pirarucu na comunidade do Itapuru, que teve iniciativa de proteger e fiscalizar os lagos da região," destaca a chefe da RDS Piagaçu-Purus, Ana Claudia Leitão.


Não existe acordo de pesca na área. Conforme o zoneamento aquático e as regras de uso dos recursos pesqueiros do setor Itapuru e demais setores da região norte da reserva, estão definidos de forma participativa, e estabelecidos para o Plano de Gestão da RDS Piagaçu-Purus, com o objetivo de combater a comercialização ilegal do pescado, ainda praticada em muitas áreas de reservas, e a conservação dos recursos pesqueiros visando fontes de renda para os moradores e usuários da Unidade de Conservação.


A Reserva de Desenvolvimento Sustentável Piagaçu-Purus foi criada por meio do decreto 23.723de 05 de setembro de 2003, incorporado a APA Lago do Ayapuá do Médio Purus. A Unidade de Conservação ocupa uma área de 809.268,02 hectares. A pesca, a agricultura, a caça e a extração de produtos madeireiros e não-madeireiros são as principais formas de sobrevivência das populações da área.
O comércio é praticado por via fluvial e 60% do pescado é consumido em Manaus é proveniente do rio Purus. Dos produtos florestais a castanha é um dos que se destaca. A área tem grande potencial para o ecoturismo por suas belezas naturais, como os grandes dormitórios de aves aquáticas em vários lagos de várzea.


Para o representante da comunidade, Sebastião Amorim, a contagem do pirarucu é o que mais dá trabalho. Numa canoa, ou à margem do lago, o pescador observa por 20 minutos uma área delimitada por aproximadamente 50 metros de raio, seu campo de visão, depois assinala em uma ficha quantas vezes o peixe subiu para respirar nesse intervalo.  " Um adulto (mais de 1,50m) respira uma única vez em 20 minutos, ao contrário de um jovem que vem à superfície duas vezes. Essa diferenciação permite aos comunitários saber quantos peixes existem no lago e, conseqüentemente, quantos eles podem pescar", explica Amorim.


O trabalho é dividido em três etapas distintas: a captura do peixe no lago, o transporte dele através de uma trilha de oito quilômetros na floresta até canoas ancoradas na margem do rio – duas horas  de viagem até o barco principal – e o desembarque final no "Pescador VI" onde o pirarucu é medido, pesado, tem as vísceras retiradas, lavado com água filtrada, novamente pesado e acondicionado no frigorífico da embarcação.

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