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Discurso do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, na cerimônia alusiva à primeira solda do Gasoduto Urucu/Manaus
Coari-AM, 01 de junho de 2006
O nosso chefe do cerimonial está com uma voz muito mais potente do que a minha. Eu não sei se é porque eu vinha para o Amazonas que eu peguei uma gripe esta noite. E me disseram que eu tinha que experimentar uma gripe devido à umidade do Amazonas. Posso garantir que é pior do que enfrentar em Brasília.
Mas meus companheiros, minhas companheiras de Coari, do estado do Amazonas,
Meu querido companheiro Eduardo Braga, governador deste estado, parceiro de todas as horas,
Meu companheiro Silas Rondeau, ministro de Minas e Energia,
Meu caro Berlarmino Lins de Albuquerque, deputado estadual e presidente da Assembléia Legislativa do estado do Amazonas,
Meu caro senador Gilberto Mestrinho, que tem me ajudado de forma extraordinária na Comissão de Orçamento, no Senado,
Meus queridos companheiros deputados e deputadas que têm ajudado o governo Átila Lins, Carlos Souza, Francisco Garcia, Humberto Michiles, Lupercio Ramos, Silas Câmara, Vanessa Grazziotin,
Meu querido companheiro, senhor Manuel Adail Amaral Pinheiro, nosso querido prefeito de Coari,
Meu querido companheiro Serafim Fernandes Correa, prefeito de Manaus,
Meu caro José Wilson Matos Cavalcante, presidente da Câmara Municipal de Coari, em nome de quem eu quero cumprimentar todos os vereadores,
Meu querido companheiro José Sérgio Gabrielli, presidente da Petrobras, um homem que teve a coragem de levar para o Conselho da Petrobras a decisão de fazer o gasoduto Coari/Manaus,
Nossa querida Flávia Grosso, superintendente da Suframa,
Meus companheiros deputados estaduais,
Vereadores,
Prefeitos,
Meus amigos e minhas amigas,
Eu, na verdade, estava olhando as pessoas falarem e estava vendo uma parte do povo se abanando por causa do calor e uma outra parte, que não teve acesso à galeria coberta, procurando um lugar para sair do sol. E vocês viram, vocês perceberam, que o pessoal que organizou também não teve dó de nós, aqui, pois colocaram as cadeiras no sol e nós tivemos que voltar lá para trás.
Possivelmente, pela euforia do ato, pelo simbolismo do que estamos fazendo aqui, nenhum de vocês ainda tenha a dimensão do que vai acontecer no estado do Amazonas, do que vai acontecer na cidade de Coari e em outras cidades da região, pelo fato de hoje termos dado o primeiro ponto de solda no gasoduto de centenas de quilômetros que vai levar a riqueza do solo dessa região, transformado em gás, para o desenvolvimento do estado do Amazonas e da capital.
O Amazonas é visto por muita gente como se fosse um estado muito grande, possivelmente a maior floresta, a maior reserva de floresta tropical do Brasil e do mundo. E, muitas vezes, os governantes não se dão conta de que neste estado, que é o maior estado do país na sua dimensão territorial, é um estado e uma região, ou melhor, uma região, que tem, aproximadamente, 20 milhões de habitantes. E que as pessoa que moram na Amazônia querem tudo igualzinho às pessoa que moram em São Paulo, no Rio Grande do Sul, no Rio de Janeiro, em Minas Gerais, no Mato Grosso. As pessoas querem trabalhar, querem estudar, as pessoas querem viver dignamente e decentemente. As pessoas não podem ser tratadas como se fossem pessoas de segunda classe, porque estão mais distantes dos centros de decisão da política brasileira.
Possivelmente, Governador, eu tenha tido a sensibilidade de decidir construir o Coari/Manaus, porque em 1989, quando eu perdi as eleições para Presidente, eu fui para casa refletir e percebi que eu não conhecia o Brasil. Quem visita o Brasil em campanha não conhece o Brasil, porque você desce no aeroporto, vai para o palanque, do palanque para o aeroporto e vai embora. Eu resolvi fazer a Caravana da Cidadania em 1991, 1992, 1993 e 1994. Percorri 91 mil quilômetros deste país, de barco, de trem, de carro e de ônibus. Atravessei este país do Oiapoque ao Chuí. Aqui mesmo, no estado do Amazonas, eu saí de barco, numa peregrinação durante 14, dias visitando cidades e mais cidades, até chegar a Belém e, depois de 91 mil quilômetros, de visitar mais de 600 cidades ribeirinhas, eu me dei conta da diversidade do Brasil, da diversidade econômica, social e cultural.
Mas ao mesmo tempo eu me dei conta que não é porque temos alguma diferença na nossa cor, nos nossos olhos, na nossa cultura, nos nossos hábitos alimentares que nós não teríamos que ser tratados em igualdade de condições. Tem muita gente no Brasil que acha que o estado do Amazonas não deveria ter a Zona Franca: “a Zona Franca de Manaus é uma idéia de competitividade empresarial que deixa as pessoas em outros estados em situação desfavorável”.
Quando nós tomamos posse, nós resolvemos prorrogar, até 2023, o funcionamento da Zona Franca de Manaus, porque a Zona Franca é a veia principal do desenvolvimento deste estado. Saímos de pouco mais de 50 mil trabalhadores para mais de 100 mil trabalhadores e é o que vai acontecer a partir de agora com esse gasoduto. No início, serão 3 mil e 400 empregos diretos e 10 mil empregos indiretos. Desses empregos, 60% terão que ser contratados daqui, do estado do Amazonas. Não podem trazer gente de fora para trabalhar aqui. E por que tem que ser daqui? Para valorizar a mão-de-obra qualificada que foi formada aqui numa parceria extraordinária entre o governador do estado e a Petrobras, porque se não der essa oportunidade, essas meninas, governador, e esses meninos de azul que nós estamos vendo aqui, e os meninos e meninas que estão aí em pé, não terão oportunidade de progredir na vida, não terão a oportunidade de estudar, não terão a oportunidade de trabalhar e, possivelmente, terão que peregrinar para uma capital, seja Manaus ou outra qualquer, à procura de uma sorte.
E nós estamos cansados de ver no dia do aniversário, no dia de natal, no dia de ano novo, mães, por este Brasil inteiro, chorando a ausência de filhos e filhos chorando a ausência de mães, porque tiveram que se afastar para ter uma chance de trabalhar ou para ter uma chance de estudar. Nós tomamos a decisão de tirar as universidades das capitais, todas as universidades brasileiras eram nas capitais, então, o jovem de Coari ou de Benjamim Constant, que quisesse estudar um curso qualquer, ele teria que largar a família e ir para Manaus sem emprego, sem dinheiro para pagar uma casa para morar, um quarto para morar e, muitas vezes, sem dinheiro para comer.
Então, nós resolvemos que não é o estudante que tem que andar atrás da universidade na capital, são as universidades que têm que andar atrás dos estudantes onde eles estiverem neste país. É por isso, Governador, que em apenas 41 meses nós estamos fazendo quatro universidades federais novas no Brasil, estamos transformando seis faculdades em universidades e estamos fazendo 43 extensões universitárias, levando o curso para o interior do Brasil, porque não há nenhuma melhor oportunidade do Brasil se desenvolver do que a gente investir na formação dos nossos meninos e das nossas meninas.
Eu queria, Governador, dizer a Vossa Excelência, aqui em Coari, que a relação do governo federal com o governo de Vossa Excelência, não é a relação apenas de dois entes federativos, é a relação de um político que tem dimensão dos problemas do seu estado, que por isso tem sido parceiro do governo federal, não recusando nenhuma parceria que nós nos propusemos a fazer. E isso, certamente, permitiu que em pouco tempo o governo do estado contribuísse de forma decisiva para que a gente tivesse um licenciamento prévio para fazer essa obra, porque não pensem que foi fácil.
Entre a gente decidir fazer e eu estar aqui, hoje, são mais de dois anos, brigas e mais brigas, brigas na justiça, briga no Ibama estadual, no Ibama federal, no Ministério Público Estadual, no Ministério Público federal, ou seja, uma confusão, depois briga entre as empresas que ofereciam preços muito caros e a Petrobras exigia que baixassem o preço. Hoje, graças a Deus, nós estamos aqui, para dizer a vocês: é a segunda revolução industrial no estado do Amazonas. A primeira foi a implantação da Zona Franca de Manaus, e a segunda é o gasoduto Coari/Manaus.
Entre nós aqui tem um homem que poderia ser muito mais famoso mas não é, porque a televisão não o descobriu, o nosso querido Felipe (Inaudível), um homem que tem dado uma contribuição enorme em defesa do estado, em defesa do desenvolvimento deste estado e que tem sido parceiro na divulgação das coisas boas e das coisas ruins mas, sobretudo, é um homem otimista que acredita neste estado, que acredita neste país.
Eu queria dizer para vocês, quando eu vejo essas meninas sentadas, numa perspectiva extraordinária de estudar, eu fico pensando: daqui a 20 anos, ou daqui a dez anos, o Brasil que os nossos filhos irão viver, será um país infinitamente melhor do que o Brasil que nós herdamos dos nossos pais. Infinitamente melhor.
Por isso, meus companheiros, eu não vou ler o meu discurso, possivelmente ele vai ficar aí, se a imprensa local quiser, depois o prefeito distribui. Mas eu queria dizer para vocês: tem dia que a gente acorda chateado, tem dia que a gente acorda não tendo razão para viver. Hoje foi um dia desses, eu levantei gripado, pensei que o mundo ia acabar tal era a dor nas costas, o cansaço, a quantidade de lencinhos que eu já utilizei para espirrar, a dor nos olhos, e eu falei: o dia hoje não vai ser bom. Ao chegar aqui e ver vocês, eu quero dizer, valeu a pena viver o dia de hoje. Valeu a pena porque vocês simbolizam o otimismo de que este país precisa. Saio daqui com a certeza de que daqui a dois anos, esteja onde eu estiver, lá em São Bernardo do Campo, em Brasília, em qualquer lugar, eu espero, meu caro Eduardo, que você, eleito governador, me convide para vir visitar esta obra pronta, realizada, concluída e gerando energia.
Muito obrigado, que Deus abençoe a todos vocês. Prefeito, obrigado pelo carinho. Poucas vezes eu vi um prefeito dar um presente ao Presidente, sem ter o presente não mão para dar, mas de qualquer forma o presente apareceu e eu quero dizer que nós fomos tratados com muito carinho. Saio daqui, vou para Manaus, onde vamos fazer um ato com o prefeito de Manaus, com o governador, para resolver um problema de palafitas em Manaus.
Embarcamos para São Paulo e vamos, em São Paulo, inaugurar mais uma grande obra da Petrobras, vamos inaugurar o sistema de formação profissional da Petrobras, vamos anunciar o investimento de 900 milhões de dólares – reais ou dólares, José Sérgio? Dólares. Anunciar na refinaria de São José dos Campos, e assim este país vai crescendo. Tem gente que não acredita nisso, tem gente que aparece na televisão todo dia para xingar, tem gente que aparece todo dia para vender coisas negativas.
Hoje, eu disse para a imprensa que quem governa este país não tem tempo de ficar batendo boca com quem quer que seja, quem governa este país com seriedade, não bate boca com o adversário, mas sai para a rua para trabalhar, para ver o sorriso feliz do nosso povo.
Muito obrigado e boa sorte.

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