EVOLUÇÃO DAS VIAGENS NO SOLIMÕES

A evolução no meio de transporte fluvial em três decadas foi o suficiente para diminuir a quantidade de horas entre a capital amazonense e os municípios do Estado. Tomando por referência Coari, por exemplo, que fica a 365 quilômetros de Manaus, atualmente podem ser gastas entre 9 e 12 horas de viagem em barcos considerados velozes. A tendencia é que o tempo diminua mais ainda, à medida que novos investimentos são feitos no segmento por conta da concorrência.

Antigamente não era assim. Os barcos mais velozes era os de 114 hp de potencia, que arrastavam embarcações de madeira por horas incansáveis. O viajante saia de Manaus pela manhã de sexta-feira e chegava em Coari na madrugada de domingo. Era comum, para que ia buscar parentes que vinham de viagem entrar madrugada à dentro na expectativa saudosa de receber o querido que vinha navegando nas águas barrentas do Solimões.

Hoje, a rapidez dos “a jatos”, facilita a viagem. Quem sai de Manaus às 7:00h chega em Coari às 16:00. Mesmo as embarcaçoes tradicionais de rede e camarotes, saem sábado pela manhã de Manaus e quando é 12:00h do dia seguinte aporta em Coari. A viagem veloz possibilita a pressa de quem quer chegar logo, mas quebra o encanto da contemplação da natureza, do embalo na rede, impede o viajante apressado de perceber o rubror do pôr-do-sol amazônico, ou de manter um bom papo com amigos enquanto rola um dominó, um carteado ou coisas deste gênero.

A velocidade destes barcos modernos carregam consigo à vista do monitor LCD dos filmes americanos, a pressa tão comum a nós cidadãos pós-modernos, os computadores, celulares e o barulho das máquinas que impulsionam a velocidade destas embarcações e nos impedem o diálogo confortável. As poltronas não são como as redes e até mesmo os “os caboclos amazonenses” não são como os de outrora. Nos adaptamos à pressa e gostamos dela. Assim, singramos estes rios sinuosos e amazônicos na pressa e no desejo de retornar para casa, desejo tão antigo quanto a humanidade.

Daniel Maciel.