Mobilização contra a exploração sexual infantojuvenil leva 65 mil pessoas às ruas de Manaus

Nesta quinta-feira, movimento percorre hotéis, portos e aeroporto

Com o tema 'Esquecer é permitir, lembrar é combater', cerca de 65 mil pessoas, segundo estimativa da Polícia Militar do Amazonas (PMAM),  participaram, na manhã desta quarta-feira (18), do dia D de Combate ao Abuso e Exploração Sexual contra Crianças e Adolescentes, em caminhada que percorreu ruas do Centro de Manaus. Coordenada pela primeira-dama do Estado Nejmi Aziz, a caminhada mobilizou cerca de 40 organizações não governamentais (Ongs) e entidades que defendem a causa, além de estudantes, empresários, sindicatos e associações.

Para a primeira-dama, a caminhada foi um momento ímpar para chamar a atenção de todos para um problema que precisa ser denunciado e vencido. "O Amazonas é o 5º Estado com maior número de denúncias do Disque 100 e sabemos que muitas delas são ligadas a maus tratos físicos no lar. A caminhada teve esse tom, de abrir os olhos e esclarecer, levando as pessoas a denunciar. Só tenho a agradecer a todas as pessoas que se dispuseram a participar dessa mobilização", destacou Nejmi Aziz. Em discurso no Largo de São Sebastião, no final da caminhada, ela também ressaltou que a atenção especial ao desenvolvimento saudável e de qualidade de crianças e adolescentes do Estado é uma prioridade do Governador Omar Aziz.

O Disque 100, número para denúncias de abuso e exploração sexual contra crianças e adolescentes da Secretaria Nacional de Diretos Humanos, foi amplamente divulgado durante a caminhada, que também contou com a participação da atriz Suzana Vieira e do humorista David Brazil. A caminhada teve início na Praça da Polícia, por volta de 7h30, e seguiu para o Largo de São Sebastião, encerrando por volta das 9h30.

De acordo com a secretária de Estado de Assistência Social e Cidadania, Regina Fernandes, foram mobilizadas cerca de 40 Ongs que trabalham com crianças e adolescentes no Amazonas, como Pastorais da Igreja Católica e a Rede Nacional das Ações Evangélicas (Renaes), além de segmentos importantes no combate à exploração sexual infantil, como o Sindicato dos Taxistas, representantes da rede hoteleira Atlântica e de guias turísticos.

Participaram da caminhada, ainda, representantes dos Conselhos Tutelares de Manaus, o Sindicato dos Trabalhadores em Educação, estudantes das escolas municipais e estaduais, do Projeto Jovem Cidadão e da Universidade da Terceira Idade (Unati), além de representantes dos municípios de Autazes, Itacoatiara, Maués, Itapiranga e Tabatinga. "A mobilização deste ano demonstra que estamos avançando no combate à exploração e abuso sexual de crianças e adolescentes. A reunião de todos nesta caminhada é uma sinalização de que podemos ampliar essa rede de proteção e garantir que nossas crianças e adolescentes tenham seus direitos respeitados", afirmou Regina Fernandes.  

Ações continuam - Nesta quinta-feira (19), assistentes sociais e psicólogos do projeto "Ame a Vida", da Secretaria de Estadual de Assistência Social e Cidadania (Seas), distribuirão cartazes da campanha em mais de 100 hotéis, motéis, pousadas, postos de gasolina e no terminal rodoviário para fortalecer o trabalho de combate à violência sexual no Estado. "O material divulga a existência da Lei Federal nº 10.577/2007, que obriga estes locais a afixarem em locais visíveis a mensagem 'Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes é Crime. Disque 100!", adiantou Regina Fernandes.

 Na sexta-feira (20), a partir das 9h, será lançado o Plano Estadual de Enfrentamento à Violência Sexual de Crianças e Adolescentes. O evento ocorre no auditório da Seas (avenida Darcy Vargas nº 77, bairro Chapada, zona Centro-Sul).

O Plano Estadual de Enfrentamento à Violência Sexual de Crianças e Adolescentes vai envolver todos os municípios do interior do Amazonas em ações articuladas com as polícias e os ministérios públicos e dará a possibilidade da Rede de Assistência à Criança e ao Adolescente de gerar mais informações sobre os índices desse tipo de violência nos 62 municípios amazonenses e elaborar estratégias para combater esse tipo de crime. "Esse plano será de grande importância para o Amazonas que, a partir dele, vai concentrar todas as formas de combate a esses crimes, envolvendo as polícias, Ministério Público e a Justiça", destacou a secretária.

PORQUE O DIA 18 DE MAIO?

No dia 18 de maio de 1973, em Vitória (ES), a menina Araceli Santos foi sequestrada, espancada, estuprada, drogada e assassinada numa orgia de drogas e sexo. Seu corpo, que apareceu seis dias depois, foi desfigurado por ácido. Os agressores de Araceli ficaram im­punes. Este fato divulgado pela mídia chocou toda a nação, ficando conhecido como "Caso Araceli". Infelizmente, o "caso Araceli" foi apenas mais um, entre tantos que acontecem em nosso dia-a-dia, manchando a sociedade brasileira, através desta cruel forma de violação de direitos e degradação da vida humana, especialmente da infância e adolescência.

Com o objetivo de sensibilizar e mobilizar a sociedade para o enfrentamento dessa problemática, representantes de organizações governamentais e não-governamentais pro­puseram a criação de um Dia Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual de Cri­anças e Adolescentes. Esse dia foi instituído em 2000, pela Lei Federal nº 9970/00. Tendo sido esta Lei aprovada e sancionada, o movimento social em defesa dos direitos da criança e do adolescente, em conjunto com o governo federal, vem assumindo a organização de ativi­dades e eventos de sensibilização e mobilização para promover esse dia como um marco de luta pelo fim da violência sexual contra crianças e adolescentes.

Fotos: Alex Pazuello / AGECOM