DRAMAS HUMANOS

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Texto Original: Daniel Maciel

Acompanhamos aflitos o desenrolar dos fatos que envolveram o seqüestro da jovem Eloá, em Santo André, São Paulo. Mesmo aqui, no norte do país, separados por milhares e milhares de crianças, graças a tecnologia, podíamos vivenciar cada fato novo, a aflição que envolvia todos, o desespero, como se tudo estivesse acontecendo em nossa vizinhança.

Um desejo só percorria a mente dos assustados telespectadores, a prece de que tudo acabasse bem, que o bom senso sobrepujasse a paixão doentia, e que o rapaz liberasse as jovens prisioneiras. Todos os outros assuntos do mundo ficaram para trás, o foco não estava na crise financeira, nas eleições municipais e sim naquela janela imóvel diante das câmeras de TV que disputavam ávidas o filão da audiência, aliada ao desejo de nós de saber mais. No dia da invasão, o desfecho final daquela situação inquietante, foi o dia em que meu BLOG teve o maior acesso de todos os tempos. Porque este fato mexeu com tanta gente? Porque chamou tanto atenção de todos nós acostumados já com tanta violência no mundo? Por se trata de mais um drama humano, de mais um fato envolvendo pessoas tão comuns, famílias que poderiam muito bem ser a nossa, jovens que poderiam ser os nossos filhos. Um drama que poderia ser o nosso drama.

O desfecho trágico, a morte da jovem Eloá, a prisão do jovem criminoso que vai engrossar o número de presidiários dos pais, se não engrossar uma mais triste estatística, a de assassinato em presídio. Famílias que viram, de um minuto para o outro a vida virada de cabeça para baixo, diante da comoção de toda uma nação. Todo mundo querendo dar um palpite, falar sobre o trabalho da policia, do que deveria ter sido feito quando tudo acabou. Certas opiniões desarrazoadas, outras nem tanto assim, como uma que tive a oportunidade de ouvir e assistir, num destes programas vespertinos de domingo.

Dizia o especialista, que falta um maior contanto familiar que falta diálogo na família, que os pais estão desinteressados pelos filhos, que muitos dramas pessoais dos próprios filhos passam despercebidos diante de nossos olhos, por pura falta de diálogo, de contanto. Pensei com meus botões, e vi muita razão no que disse o especialista. Eu que tenho um filho adolescente de 15 anos, e assim como eu, milhões de pais em todo este Brasil.

Conversar, ver como vai o coração do filho, o que passa com ele ou ela na escola, perceber quando o jovem está deprimido, “pra baixo” e conversar. Conversar não sobre o que passa na TV, nem sobre o último jogo da rodada do campeonato, mas conversar sobre o mundo dos filhos, sobre o que se passa neste interior tão fechado, a nós pais.

Aquela janela de Santo André saiu de foco, mas a discussão que ela provocou não deve sair tão cedo de nossa rodada de diálogo. O mundo dos jovens, a presença mais determinante do sentimento de amizade, de compartilhar a vida dos nossos filhos sem invadi-las, mas sem deixar tão distante para que sentimentos selvagens não ocupem o lugar da sensatez.

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1Comentários

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  1. Dica de leitura...Textos ácidos e sarcásticos, pra quem quer ficar por dentro dos assuntos políticos de forma leve.


    www.mosaicodelama.blogspot.com

    Boa leitura!

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