Venezuela registra nova morte durante protestos, diz prefeito investiguem


LEO RAMIREZ/AFP
O prefeito do município de Sucre, na região metropolitana de Caracas, Carlos Ocariz, informou hoje (21) que um homem morreu ontem à noite no bairro popular de Petare, no leste da cidade, durante os protestos contra o governo e pediu que as autoridades investiguem o caso para encontrar e punir os culpados. "Com muita dor informo a morte por disparo de arma de fogo de Melvin Guaitan, um humilde trabalhador que morava no bairro Petare, em Sucre", disse Ocariz no Twitter.

Em outra mensagem, o prefeito afirmou: "Melvin foi assassinado na entrada do bairro 5 de Julho durante o protesto esta noite. Exigimos investigação e punição aos culpados!". (Com Agência Brasil)

Caracas foi cenário na quinta-feira e na madrugada de sexta-feira de distúrbios, com tiroteios e saques, que deixaram ao menos um morto, em uma nova jornada da violência que em três semanas de protestos contra o governo tem um balanço de nove mortos. Um homem morreu ao ser atingido por tiros na quinta-feira à noite durante um protesto no bairro popular de Petare, leste de Caracas, enquanto no outro extremo da cidade, em El Valle, uma batalha campal entrou pela madrugada, com tiros e gás lacrimogêneo, que provocaram a retirada de mais de 50 crianças de um um hospital.

"Parecia uma guerra. A Guarda e a polícia usava gás, civis armados atiravam contra os edifícios. Minha família e eu nos jogamos no chão. Foi horrível. Conseguimos dormir depois que tudo acabou às três da madrugada", contou à AFP Carlos Yánez, de 33 anos, morador de El Valle.

Caminhões da unidade antidistúrbios dispersaram pequenos protestos com gás, depois que moradores instalaram barricadas de lixo em várias esquinas da região. Um caminhão foi parcialmente incendido, depois que foi atingido por coquetéis molotov. "Malditos", "assassinos", gritavam os moradores das janelas dos edifícios para os homens que atiravam em direção à rua. Alguns foram alvos de garrafas e outros objetos.

Na manhã desta sexta-feira, os moradores retiravam as barricadas de lixo queimado e outros destroços deixados pelos saques em várias lojas. Três pequenos tanques da militarizada Guarda Nacional protegiam um centro comercial da principal avenida principal de El Valle.

- Troca de acusações -

O governo e a oposição trocam acusações pelo aumento da violência. De acordo com a ONG Foro Penal, além de nove mortos, centenas de pessoas ficaram feridas ou foram detidas desde o início dos protestos em 1 de abril.  O governo afirma que grupos armados "contratados pela oposição" atacaram o hospital infantil de El Valle, mas os opositores afirmam que a retirada das crianças foi motivada pelo uso das bombas e gás lacrimogêneo pela Guarda Nacional para tentar controlar os distúrbios.

"O 'dictaduro' ordenou a seus capangas a repressão de El Valle, em Caracas. O que lhe resta, assim fazem todos antes de sair do poder", disse o líder opositor Henrique Capriles. Mas o ministro das Comunicações, Ernesto Villegas, acusou os "vândalos da oposição". "Estes delinquentes querem vender que a Venezuela é um caos e o país está em calma", afirmou Freddy Bernal, dirigente do governante Partido Socialista, em referência à oposição.

- Tensão e preocupação mundial -

Os confrontos e distúrbios aconteceram após um dia em que milhares de pessoas protestaram nas ruas da zona leste da capital para exigir eleições gerais, um dia após uma gigantesca mobilização da oposição que deixou três mortos. A elevada tensão na Venezuela provoca inquietação internacional. Onze países latino-americanos, a União Europeia, a ONU e organizações como a Anistia Internacional pediram ao governo venezuelano garantias aos protestos pacíficos.

O governo dos Estados Unidos e o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, que chama Maduro de "ditador", fizeram duras advertências ao governo chavista, acusado de "repressão". "A violência na Venezuela é estimulada por Almagro e os governos alinhados com planos intervencionistas do Departamento de Estado dos Estados Unidos", disse a chanceler Delcy Rodríguez ao comentar os incidentes das últimas horas.

Os protestos começaram após sentenças do principal tribunal do país, que retiraram a imunidade dos deputados e assumiu as funções do Parlamento, único poder público controlado pela oposição. A pressão internacional provocou a anulação parcial das sentenças. Maduro, cujo mandato prossegue até 2019, afirma que "a direita extremista venezuelana" busca um golpe de Estado com o apoio do governo de Donald Trump. Mas a oposição insiste que deseja retirar o presidente do poder pela via eleitoral. Nicolás Maduro rejeita uma antecipação das eleições e pede aos adversários um diálogo, assim como o abandono do que chama de "agenda golpista".

De acordo com as pesquisas, sete em cada 10 venezuelanos reprova o governo, asfixiados por uma severa escassez de alimentos e remédios, além de um inflação que segundo o FMI deve alcançar 720,5% este ano, a maior do mundo. Para manter a pressão, os líderes da oposição convocaram para sábado uma "marcha do silêncio" até a sede da Conferência Episcopal e para segunda-feira um bloqueio das estradas.

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