Livro aborda experiências nos cuidados com pacientes que sofreram AVC


Em observação feita pelo pesquisador, a maioria das famílias não têm conhecimento sobre o que é a doença e como proceder nos cuidados de pessoas que sofreram AVC

 

 

As experiências dos cuidados domiciliares de pesssoas que sofreram Acidente Vascular Cerebral (AVC) é o tema central de um livro, cuja publicação teve apoio do Governo do Amazonas, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), como parte do Programa de Apoio à Publicações Científicas (Biblos), que apoia a publicação de livros, manuais, números especiais (temáticos) de revistas e coletâneas científicas. A obra "Enfermagem e Família: Experiências do Cuidado com Sequelados pelos AVC" conta a história de cinco famílias que convivem, dentro de casa, com ente familiar acometido pela doença.

 

AVC, popularmente conhecido como derrame, é a doença que mais mata os brasileiros, sendo a principal causa de incapacidade no mundo. Aproximadamente 70% das pessoas não retornam ao trabalho após um AVC devido às sequelas e, 50% ficam dependentes de outras pessoas,segundo dados da Sociedade Brasileira de Doenças Cerebrovasculares.

 

Lançado em 2015, durante o 18 Congresso Brasileiro dos Conselhos de Enfermagem (CBCENF) e no 67 Congresso Brasileiro de Enfermagem (CBEn), o livro é fruto da dissertação de mestrado do pesquisador Zilmar Augusto de Souza Filho. A obra, que é dividida em seis capítulos, tem como foco a enfermagem e a família com a qual é realizada a avaliação estrutural, do desenvolvimento e funcional, a partir do Modelo Calgary de Avaliação Familiar (MCAF).

 

Vivência - Durante o estudo, realizado na cidade de Manaus, em 2012, o pesquisador vivenciou as experiências do cuidado da família e observou as atividades da vida diária. "A partir da avaliação do desenvolvimento familiar, questionávamos, como um idoso irá cuidar de outro idoso sequelado, quando na verdade ele deveria estar pensando na sua qualidade de vida e no seu próprio bem-estar. Como uma adolescente, que está na escola e em fase de formação, irá cuidar do avô sequelado pelo AVC. Nessa etapa, da avaliação, vimos como cada membro familiar estava em cada fase de desenvolvimento humano e como era cuidar de alguém com sequelas do AVC", explicou Zilmar. 

 

O pesquisador conta ainda que não é todo mundo que compreende como AVC foi gerado, e por conta disso não consegue assimilar que as consequências podem ser sensitivas e/ou motoras. Além disso, também foi percebido que alguns cuidados eram feitos de modo errado pela família, por conta da falta de conhecimento.


Cuidados específicos - Outro ponto que ele destaca é que na avaliação funcional foi observado que alguns sequelados do AVC requerem cuidados específicos e complexos. Entretanto, muitas vezes, os procedimentos eram realizados em casa, quando na verdade deveria ter um acompanhamento de uma equipe multiprofissional de saúde.

 

"Por exemplo, houve um evento de um sequelado que utilizava uma sonda para receber alimentação. E em algum momento, a sonda foi arrancada. A filha que cuidava do idoso observava, quando ele ainda estava internado, a forma como foi colocada à sonda. Então, ela reproduziu em casa, introduzindo a sonda novamente, entretanto sem nenhum material para verificar a posição correta da sonda. Ela disse que só colocou o ar na sonda através de uma seringa, posicionou a sua orelha no estomago do pai para ouvir o barulho do ar", contou.

 

Doutorando em Enfermagem pela Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo (USP), Zilmar Augusto de Souza Filho, informou que o livro também traz explicações sobre o AVC e tipos de sequelas que a doença pode trazer. "O livro tem uma proposta não apenas para estudantes da área da saúde, o título pode sugerir que é uma obra mais didática e voltada para academia. Mas, ele atende as duas partes: a sociedade e o público acadêmico", contou o autor.


FOTOS: ÉRICO XAVIER/FAPEAM

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