Há dez anos, Grêmio Coariense era o primeiro time do interior a conquistar o Estadual


Atletas do Grêmio Coariense festajam conquista inédita


Há dez anos, completados na última sexta-feira, um time do interior do estado conquistava pela primeira vez o título de campeão amazonense de futebol, dando fim a uma hegemonia de 89 anos dos times da capital.Em 10 de abril de 2005, o Grêmio Coariense derrotou o Nacional por 3 a 2, no estádio Vivaldo Lima, pela final do segundo turno do Campeonato Amazonense, num jogo tão épico quanto a ocasião merecia.
Como já havia ganhado o primeiro turno também sobre o Leão da Vila, o Grêmio Coariense ficaria com o título antecipadamente em caso de vitória. Porém, o Nacional, que tinha a melhor campanha do segundo turno, só precisava de um empate para assegurar sua vaga na grande final do Amazonense contra o próprio Grêmio.
E tudo conspirava para que o maior campeão estadual levantasse a taça mais uma vez, pelo menos até os minutos finais da partida. Aos 40 do segundo tempo, 2 a 2 no placar, e o Nacional, que já havia ficado atrás duas vezes no marcador, ainda oferecia perigo. Numa jogada ofensiva, o goleiro do Grêmio Coariense, Rascifran (hoje no Princesa do Solimões), cometeu falta fora da área e foi expulso.
Com as três substituições já realizadas, o volante Edson “Trator” foi obrigado a colocar as luvas e ir para o gol para continuar defendendo o seu time, mas agora com as mãos. Mas não foi a mão dele, senão a do próprio destino, que se encarregou de fazer história. Numa falta batida com capricho por Diego Gaúcho, exímio cobrador do Nacional àquela época, a bola incrivelmente bateu numa trave, na outra e saiu sem causar dano algum causar à meta coariense.
Com a sorte virada a favor, o Grêmio foi ao ataque. Aos 44 minutos do segundo tempo, o atacante Marinho, que foi artilheiro daquela competição com nove gols, dessa vez foi quem deu o passe, após receber bola imprensada na entrada da área.
Numa deixada, colocou o atacante Anderson Kamar, que tinha entrado há pouco tempo para substituir Juliano César, em condições de chutar cruzado de perna esquerda e marcar o gol que mudaria o rumo do futebol amazonense nos próximos anos, abrindo um novo caminho de possibilidade para os times do interior do estado. Tanto que, na última década, metade dos campeões estaduais vieram do interior: além do Grêmio Coariense (Coari), em 2005; Holanda (Rio Preto da Eva), em 2008, Penarol (Itacoatiara), em 2010 e 2011, e Princesa do Solimões, (Manacapuru), em 2013, também levantaram a taça.
O atacante Marinho lembra como se fosse ontem do lance do gol do título e faz acreditar que o título daquele ano era destinado a Coari. “A gente brincou muito com ele (Anderson) após o jogo, porque nos trabalhos de finalização, o aproveitamento dele era muito baixo. Ele acertou na hora em que tinha que acertar”, disse Marinho, hoje no São Raimundo.
Vale lembrar que, após o gol, o jogador foi expulso na comemoração e o Grêmio ficou com apenas oito jogadores em campo, visto que já possuía dois jogadores a menos, contra 10 do Nacional, que tinha recebido um vermelho, se segurando até os últimos segundos do jogo antes de soltar o grito de campeão. “Acho que nesses últimos dez anos eu não vi nenhum nenhuma final com todos os ingredientes que teve aquela”, diz Marinho.
Quem também não esquece aquela partida, em especial porque foi ele quem colocou  Anderson Kamar no lugar de Juliano César, que tinha feito dois gols no (e que mais tarde, naquele mesmo ano, se sagraria o maior artilheiro da história do futebol acreano), foi o técnico João Carlos Cavalo, hoje no comando do Fast Clube. “Eu recebi uma iluminação naquele momento para colocar o Anderson”, disse o treinador, cosciente de fazer parte da história.
Clube pretende voltar para temporada 2016
Criado em 1977, o Grêmio Coariense só se profissionalizou em 2003. No ano seguinte, competia pela primeira no Campeonato Amazonense profissional e, já na estreia, batia na trave: foi vice-campeão, perdendo para o São Raimundo na final.No ano seguinte, com apoio de empresários locais e da prefeitura de Coari, o clube montou uma estrutura de time grande e contratou o técnico gaúcho Luís Carlos Vinck, que formou um time que mesclava jogadores locais com atletas trazidos por ele do sul do País.
Porém, após três partidas no campeonato, o treinador foi chamado para o comando do São Raimundo, que à época disputava a Série B do Campeonato Brasileiro e até então era comandado por João Carlos Cavalo. Aconteceu então uma troca entre os “Carlos”: Vinck foi comandar o São Raimundo e Cavalo foi ao Grêmio Coariense, que acabou levando ao título inédito.
Para o preparador físico Paulo Feitosa, que atuou na campanha do título de 2005, o planejamento foi um dos aspectos mais importantes para o sucesso do time, que começou a pré-temporada em dezembro, manteve boa parte da base do ano anterior e montou estrutura de concentração em Manaus para evitar o vai e vém das viagens. “O futebol amazonense é empírico. Vive de improviso”, criticou Feitosa.

Em 2006, no entanto, boa parte do elenco se desfez e o time não foi o mesmo, sendo eliminado na primeira fase da Série C do Campeonato Brasileiro. Alegando falta de apoio da prefeitura local e demais patrocinadores, o Grêmio se licenciou do Campeonato Amazonense de 2007 e ficou sem participar da competição até 2010.No retorno, participou da Série B do Campeonato Amazonense e foi campeão.
Porém, o time de Coari foi punido pelo tribunal desportivo em razão da escalação irregular de um jogador e o clube foi afastado por  dois anos dos  torneios oficiais, além de multa de 20 mil reais. O banho de água fria  acabou servindo para afastar o clube por alguns anos a mais do futebol.Alcias Josino,  presidente do Grêmio Coariense, atribui a interrupção do trabalho à falta de interesse dos empresários locais e também ao difícil momento político vivido pelo município de Coari, com grande instabilidade política, em especial no comando da prefeitura do município.
Porém, o dirigente afirmou que Grêmio Coariense pode estar prestes a voltar aos gramados. “Depois que estabilizar a situação da prefeitura, vamos tentar negociar com o prefeito para tentar fazer o time voltar ao campeonato. O Grêmio só está adormecido, não está morto”, garantiu o dirigente, seguido pelo vice, Williams Barbosa, o Didi.
“Pretendemos até o próximo mês, entrar em contato com a Federação Amazonense de Futebol e a CBF para regularizar nossa situação por completo e poder voltar pelo menos até o início da temporada do próximo ano”, disse o ele.

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