Dilma diz que pode ter errado em medidas econômicas e pede trégua

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Depois da onda de manifestações, a presidente Dilma Rousseff admitiu que pode ter cometido um erro na dose das medidas econômicas. Em vários momentos falou de humildade e pediu trégua aos críticos.
O governo mudou o tom, uma mudança calculada para tentar baixar a bola, buscar uma trégua nas ruas e também no Congresso, para conseguir aprovar medidas impopulares, como a que muda as regras do seguro-desemprego.
Além do discurso, na entrevista coletiva da presidente Dilma Rousseff, ela repetiu nove vezes a palavra ‘erro’, em diferentes respostas sobre ações do governo.
A presidente Dilma terminou a segunda-feira (16) com visitas do ex-presidente Lula, do ministro da Casa Civil, Aloísio Mercadante, do secretário-geral da Presidência, Miguel Rosseto, do presidente do PT, Rui Falcão, e do ministro da Defesa, Jaques Wagner.
Eles avaliaram que as reações do dia seguinte as manifestações foram mais positivas para o governo, que mais cedo mandou o líder na Câmara desembarcar no Congresso vazio, em plena segunda-feira, para dizer que o governo vai mandar um pacote anticorrupção e que está disposto a votar a reforma política. “A culpa de não ter reforma política não é do governo, é do Congresso. No dia 13 agosto de 2013 a presidente enviou um pacote de reforma política e o Congresso não tocou no assunto”, afirmou José Guimarães.
A oposição diz que não foi bem assim e que o governo, se quisesse, poderia ter insistido. “Vamos trabalhar, não tem nenhum problema. Agora é necessário que o PT ajude, porque foram 12 anos aqui tanto a reforma política que o PT não deixou andar quanto o pacote anticorrupção”, disse Antônio Imbassahy.
O líder do governo diz que vai conversar com todo mundo, que vai procurar pessoalmente os líderes da oposição e que em um momento político delicado como esse é preciso intensificar as articulações com os aliados.
O café da manhã desta terça será na casa do vice-presidente da República, Michel Temer, que é do PMDB, o partido do presidente da Câmara, que na segunda, em São Paulo, atacou o governo. Eduardo Cunha é um dos investigados da Operação Lava Jato.
“A corrupção não está no Poder Legislativo. A corrupção está no Poder Executivo. Se eventualmente alguém do Poder Legislativo se aproveitou da situação para dar suporte político em troca de benefícios indevidos é porque esses benefícios existiram pela falta de governança do Poder Executivo, que permitiu que a corrupção avançasse”, afirmou.
Em Brasília, a presidente Dilma decidiu falar pela primeira vez depois das manifestações que encheram ruas pelo país, e se impressionou com a lotação no local da entrevista. Ela respondeu às críticas do presidente da Câmara: “Essa discussão, ela não leva a nada. A corrupção não nasceu hoje. Ela não só uma senhora bastante idosa nesse país, como ela não poupa ninguém. Ela pode estar em tudo quando é área, inclusive no setor privado”, afirmou.
A presidente voltou a defender o ajuste fiscal, mas admitiu possíveis erros. “É possível que a gente possa até ter cometido algum. Agora, qual foi o erro de dosagem que nós cometemos? Nós gostaríamos muito que houvesse uma melhoria econômica de emprego e de renda. Tem gente que acha que a gente devia ter deixado algumas empresas quebrarem e muitos trabalhadores se desempregarem. Eu tendo a achar que isso era um custo muito grande para o país”, disse.
Disse que o governo está de ouvido aberto para a voz das ruas. “O governo tem obrigação de abrir o diálogo. Dialogar, escutar, saber do que se trata, obviamente. Com uma postura, de um lado, uma postura humilde, porque que você tem para dialogar, você tem que aceitar o diálogo. Então, o que nós temos de postura humilde é: estou aberta ao diálogo”, ressaltou.
Questionada se o governo admite alguma culpa. “Tem uma certa volúpia da imprensa em querer uma situação confessional. Não tem na minha postura nenhuma situação confessional. Atitude de humildade é porque é o seguinte: você só pode abrir diálogo com quem quer abrir diálogo também. Com que não quer abrir diálogo você não tem como abrir diálogo. Agora, eu procurarei ter diálogo com seja quem for. É uma atitude de abertura. Agora, eu não estou aqui fazendo nenhuma confissão. Aqui não é um palco de confissões, vocês hão de concordar comigo, é uma entrevista. Não tem aqui nenhum confessionário. Se alguém achar que eu não fui humilde em algum diálogo me diz qual e eu tomo providência para mudar. Agora, uma conversa geral: ‘Você não foi humilde’. Me diz onde, tudo bem. Quem sabe eu não fui mesmo?”, completou.
Esse café da manhã na casa do vice-presidente Michel Temer está marcado para 8h30. Na quarta, o governo deve mandar para o congresso o pacote anticorrupção. E todos vão acompanhar se vão vir novas regras sobre a participação em contratos públicos de empreiteiras envolvidas em corrupção, como as que estão na Operação Lava Jato.
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