Aécio comete o primeiro erro importante: sua irmã vai comandar a campanha

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Andrea Neves vai comandar campanha de Aécio: um erro
Andrea Neves vai comandar campanha de Aécio: um erro
Então… Um erro é um erro é um erro. E alguém tem de apontá-lo, não é?, ainda que seja este escriba, tão suspeito de “paulistanismo” para certas áreas do tucanato. Fazer o quê? Eu fico cá torcendo pela derrota do petismo e fazendo votos para que Dilma não seja reeleita. E, por uma questão de honestidade intelectual, não escondo isso dos meus leitores — tanto dos que gostam como dos que detestam o blog, também responsáveis pelo seu sucesso, a despeito das intenções que tenham. Mas é preciso separar a torcida da análise objetiva. A se confirmar a informação publicada no Estadão Online, o PSDB e Aécio Neves acabam de cometer o primeiro grande erro da campanha eleitoral. Segundo informam Pedro Venceslau e Ricardo Chapola, Andrea Neves, irmã do senador, terá cargo de chefia na campanha. Vai coordenar a área de comunicação. E um pouco mais do que isso.
Não conheço esta senhora e não sei se é competente ou não. Pode até ser que seja um azougue. Sei, como todo jornalista, da sua fama. É tida como uma espécie de Dama de Ferro das Minas Gerais, inclusive na relação com a… imprensa. E isso é um mau começo. Tome-se o caso recente do rompimento de Aécio com o marqueteiro Renato Pereira. Nos bastidores, sua queda é atribuída a… Andrea.
Minas é, sem dúvida, um estado importante, mas o Brasil é muito maior, e certos procedimentos que podem até ser compreendidos em escala regional não deveriam ser repetidos na disputa nacional. “A entrada dela na campanha é natural pelo currículo na área e pela afinidade que tem com o Aécio.” A fala é do deputado Marcus Pestana, presidente do PSDB mineiro. Informa o Estadão: “Ele explica, ainda, que Andrea terá um papel central na campanha, mas a coordenação geral será feita por um político de ‘envergadura nacional’, provavelmente um senador ou ex-governador”.
Certo. Pergunta-se no entanto: no caso de haver alguma divergência, quem terá mais proximidade com o candidato e, pois, mais condições subjetivas — as objetivas perderão importância — de fazer valer a sua opinião? Com a devida vênia, mesmo desconhecendo os talentos específicos de Andrea, que podem ser imensos, a candidatura do principal partido de oposição é algo importante demais para merecer uma administração, vamos dizer assim, familiar.
O procedimento, de resto, não me parece que lustre, como deveria, o republicanismo. “Reinaldo não teria deixado Bob Kennedy ser secretário da Justiça do irmão, John.” Pois é. Bob era um político, não uma eminência parda.
Há um trecho da reportagem do Estadão que chega a ter a sua graça quando submetido à lógica elementar. Leiam:
“O formato da comunicação da campanha tucana em 2014 será inédito. Em vez de deixar um publicitário tomar todas as decisões solitariamente, será instituído um conselho de comunicação, que deve ser comandado por Andrea Neves. De acordo com dirigentes tucanos, o modelo verticalizado e personalizado da condução do marketing eleitoral está esgotado e não é o mais saudável.”
Entendi. O marqueteiro não decide solitariamente — o que nunca acontece, é bom que se diga —, e a condução cabe ao tal conselho, que será comandado por Andrea. Na prática, ela será, então, a marqueteira da campanha. E só não vai decidir solitariamente porque sempre poderá trocar ideias com o irmão — no caso, também candidato.
Tenho pra mim que é um papel importante demais para quem nem mesmo chega a ser uma militante do PSDB. Parece ser um emblema e tanto destes dias o fato de o maior partido de oposição ter a campanha eleitoral à Presidência sob uma espécie de tutela doméstico-familiar.
Não é, decididamente, um bom caminho. E torço para estar errado. A escolha abre flancos impressionantes para o contra-ataque de um adversário poderoso, que tentará colar no tucano a pecha de homem tutelado pela irmã. “E Dilma é tutelada por Lula”, poderia responder alguém. Eu, a torcida do Corinthians, a do Flamengo e a da Portuguesa sabemos disso. A questão é saber quando uma tutela tira e quando uma tutela dá votos num colégio eleitoral bem maior do que o de Minas. Antes de tentar dividir as pedras com os petralhas para lançar contra o blogueiro, convém que os aecistas fanáticos ponderem um pouco.
Por Reinaldo Azevedo
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