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Marco Feliciano não é Deus, como parece acreditar ele próprio, por seus comentários. Os evangélicos não são “o diabo”, como tentam fazer crer aqueles que, supostamente em defesa dos direitos humanos, passaram a agir com preconceito semelhante ao que acusam no espalhafatoso deputado do PSC. As versões do pastor-político sobre homossexuais, negros, John Lennon, Caetano Veloso e o Titanic criaram nas redes sociais o movimento do “não me representa” – já misturada ao humor e fraca como voz de protesto. Mas surge agora uma variação que pode, pela primeira vez, incomodar o pastor-deputado. A reação do momento – nada afetada, ressalte-se – vem dos evangélicos. Ainda manifestando apoio ao parlamentar, mas demarcando com alguma precisão o limite entre as opiniões de Feliciano e o que pensam os evangélicos, Lelis Washington Marinhos, relator do conselho político da Convenção Geral das Assembleias de Deus, afirma: “Feliciano não fala em nome da Assembleia de Deus”. 

Ou seja: se você é evangélico, e também se assusta com alguém que envolve Deus em questões mundanas como a decisão de Mark Chapman de apertar o gatilho contra o Beatle que compôs ‘Give Peace a Chance’, tenha paciência. Marco Feliciano não representa oficialmente os fieis pentecostais. A não ser, é claro, aqueles que deram seu voto ao deputado que atualmente preside a Comissão de Direitos Humanos da Câmara, transformada em trampolim para atrair ainda mais eleitores para o PSC em 2014.

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Homofobia

Feliciano é acusado por militantes LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transexuais) de ter dado declarações homofóbicas. Em julho de 2012, ele apresentou um projeto para tentar derrubar a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que permite a união entre pessoas do mesmo sexo. Em março, poucos dias antes de assumir a presidência da Comissão de Direitos Humanos, ele disse ao site de VEJA que “a união homossexual não é normal” e que “o reto não foi feito para ser penetrado”.
O saldo eleitoral das declarações de Feliciano, admite, até o momento tende a ser positivo. “Tudo indica que essa aparição, essa presença forte na mídia, aumente a votação”, diz Marinhos. No entanto, o pastor pondera que está nas mãos do PSC a composição de uma nominata de evangélicos para 2014. Se o Partido Social Cristão aproveitar a visibilidade de Feliciano e emplacar candidatos pentecostais, uma das metas da Assembleia de Deus para 2014 pode ser facilitada. A igreja quer eleger, pelo menos, um deputado federal e um estadual de cada unidade da federação.
Por enquanto, no entanto, não há intenção de usar a imagem de Feliciano como ponto central da campanha – pelo menos não na Assembleia de Deus. “Ele não representa o pensamento da igreja, muito embora a igreja o tenha apoiado nesse episódio por entender que o movimento evangélico (eleitoral) não pode ser penalizado porque ele ocupou uma posição”, argumenta Marinhos, para quem o caso de Feliciano serviu como ponto de partida para um grupo de parlamentares explorar de forma negativa o crescimento dos evangélicos na política. “A escolha dele na comissão é uma questão meramente política e partidária”, afirma. Feliciano tem um pensamento “autônomo”, como reforça o relator do conselho político da Assembleia de Deus.
O barulho causado por Feliciano serviu, ainda que com fortes reações, ampliar a visibilidade que ele o partido podem ter para o eleitor geral. E reforço o contorno conservador para o eleitor com esse perfil e, certamente, uma grande parcela de evangélicos. Longe do microfone da Comissão de Direitos Humanos, no entanto, os líderes evangélicos tentam evitar que os que não creem que Deus tenha matado John Lennon, derrubado o avião dos Mamonas Assassinas ou afundado o Titanic passem a ver essas posições como uma “opinião evangélica”. Bem mais razoável do que Feliciano, Marinhos assegura, para a tranquilidade de alguns pecadores: “Com certeza uma pessoa não morreria por drogas se tivesse na igreja. Não hápessoas viciadas aqui porque elas saem dessa vida na igreja. Recentemente um grande cantor (Chorão, no Charlie Brown Jr.) morreu de overdose. Isso não aconteceria, por exemplo, se ele tivesse buscado a igreja. Mas Deus não é vingativo, são os erros humanos que propiciam determinada consequência. Deus não tem prazer na morte”, diz.

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