Comemorações e lutos - João Baptista Herkenhoff

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Como disse Maria Esther Maciel, “todo colunista se vê, às vezes, às voltas com a escassez ou o excesso de assuntos. Ora não sabe sobre o que escrever, ora não consegue escolher, entre várias opções, o assunto do dia.”


Estou sendo aturdido hoje pelo excesso de temas: três de comemorações (Dia Nacional de Luta contra a Violência à Mulher, 10 de outubro; Dia Nacional do Deficiente Físico, 11; Dia da Criança, 12) e dois de luto.
 
Comecemos pelas datas comemorativas. Parece-me que a violência contra a mulher carrega um substrato psicológico que a precede: a ideia de superioridade do homem. Se o homem é superior, ele tem o direito de mandar, exigir, submeter, cabendo à mulher o dever de aceitar sua inferioridade. Se a mulher resiste a essa subordinação não resta ao homem outra alternativa senão impor sua vontade à força. A Constituição determina que homens e mulheres sejam iguais, mas a realidade social está longe desta estipulação.
 
No Dia Nacional do Deficiente Físico fixemos nossa atenção numa categoria de deficiente, o surdo-mudo. A mudez é quase sempre oriunda da surdez, mas pode ter outras causas. Antigamente, o surdo-mudo contava apenas com o recurso dos sinais para exprimir o pensamento. O pedagogo belga Herli criou um método que consiste em captar a palavra do interlocutor através da observação dos lábios que a transmitem. A educação do deficiente deve ser uma prioridade ética.
 
Vamos agora refletir sobre o Dia da Criança. Podemos julgar uma sociedade pelo zelo que essa sociedade tem para com a criança.  Brecht, na peça “O Círculo de Giz”, figurou a disputa pela guarda de uma criança. A mãe que puxasse primeiro a criança para fora do círculo ganharia a causa. Mas uma das mães soltou o braço da criança para que ela não se machucasse. A essa Mãe foi confiada a guarda porque “pessoas e coisas devem pertencer a quem lhes tenha amor”. Brecht consagrou o direito ao amor como o maior direito da criança.
 
Devo registrar por fim dois lutos.
 
A Academia Espírito-Santense de Letras prestou homenagem ante-ontem a Athayr Cagnin, recentemente falecido. Grande poeta, credor dos louros acadêmicos, Athayr foi um ser humano admirável, simples, solidário, íntegro.
 
A Academia Calçadense de Letras prestará tributo depois de amanhã ao Jornalista José Costa, nascido na cidade-sede dessa academia. Se vivo fosse, José Antônio de Figueiredo Costa estaria comemorando 80 anos. Homem de grande inteligência, caráter inquebrantável, jornalista arguto, tinha certamente informações. Sua morte, segundo tudo indica, foi uma queima de arquivo, mas não ficou devidamente esclarecida.
 
João Baptista Herkenhoff é professor da Faculdade Estácio de Sá do Espírito Santo e escritor. E-mail: jbherkenhoff@uol.com.br Homepage: www.jbherkenhoff.com.br Autor de: Curso de Direitos Humanos (Editora Santuário, Aparecida, SP).
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