Técnicas de desenvolvimento sustentável no Alto Solimões evitam o deslocamento de famílias para capital‏


Projetos de desenvolvimento sustentável no Alto Solimões beneficiam cerca de 15.00 famílias que utilizam como fonte de renda o cultivo de produtos naturais. Uma das ações em andamento acontece no município de São Paulo de Olivença que detém o primeiro projeto de manejo comunitário de pirarucu do Amazonas, localizado em áreas indígenas, favorecendo cerca de cinco mil nativos de 41 comunidades.

As ações de sustentabilidade são aplicadas pelo Projeto de Desenvolvimento Regional do Estado do Amazonas para o Zona Franca Verde (Proderam) e alcançam ainda os municípios de Benjamin Constant, Fonte Boa, Jutaí, Amaturá, Tonantins, Santo Antônio do Iça, Tabatinga e Atalaia do Norte. Com menos de um ano de implantação, os projetos têm o objetivo de promover o desenvolvimento econômico no Alto Solimões evitando que se propague o crescimento populacional desordenado na capital.

No município de São Paulo de Olivença, os indígenas sofriam com a constante escassez de peixe para o consumo. Com a aplicação de técnicas de manejo de pirarucu em lago, a pesca obedece às regras integradas ao ecossistema. O subcoordenador do Desenvolvimento Sustentável do Proderam, Geraldo Couto, verificou que a pesca desordenada no município impedia que os peixes atingissem a idade adulta para reprodução. Com os cursos de capacitação os indígenas aliam os conhecimentos tradicionais às técnicas que evitam o esgotamento do produto. “Eles passam investir na cadeia produtiva da região se adequando à legislação que assegura, em longo prazo, a sobrevivência da espécie e a viabilidade econômica da atividade pesqueira”, conclui Couto, lembrando que durante os treinamentos são repassadas às comunidades, regras eficazes, tais como, a pesca no período de reprodução do pirarucu e o tamanho ideal do peixe para comercialização.

O manejo de pirarucu em lago também beneficiou os municípios de Jutaí, Tonantins e Fonte Boa. Neste último, cerca de 800 famílias de 120 comunidades foram beneficiadas. O resultado da prática de desenvolvimento sustentável nos municípios apresentam resultados positivos, uma vez que, no ano passado, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) autorizou a captura de 7.175 pirarucus e em outubro deste ano, outros 10 mil serão liberados para pesca em Fonte Boa.

Outras frentes

No município de Amaturá, a produção de castanha recebeu incentivos do órgão estatal para a construção da Usina da Castanha. Dentro dos padrões de higiene e com os registros que legalizam o produto abre-se uma porta para o mercado internacional. Couto verificou que, “até então a atividade econômica tinha o foco no extrativismo e não se falava em agricultura. Quando começamos a trabalhar com a cadeia produtiva de cada região, outros valores foram agregados e já se fala até na propagação de outras cadeias, como de óleos vegetais a partir da castanha”.

Em Tabatinga, Benjamim Constant e Atalaia do Norte, o Proderam incentivou o fomento de colmeias de abelhas sem ferrão para a prática da meliponicultura. A partir da aplicação das técnicas de desenvolvimento sustentável foram contabilizados 403 colmeias e 140 produtores capacitados. A implantação da “Casa do Mel” em Benjamim Constant estimula a produção e expansão do produto. De acordo com informações do Proderam, um micro produtor detém, no máximo, 49 colmeias e, por ano, cada uma delas produz cerca de quatro litros de mel. Além da capacitação dos produtores e consultoria, a ideia é tornar o produto rentável. “O primeiro passo é criar uma marca ao produto nativo e com um registro do Ministério da Agricultura e do Ibama, em seguida, vamos trabalhar na venda do pólen”, planeja Geraldo Couto.

Investimentos

Para receber o financiamento do Proderam alguns procedimentos são decorridos até a liberação do recurso até a implantação do projeto de desenvolvimento sustentável. Cada produtor pode receber de 6 a 15 mil reais para expandir a produção, organizar uma associação e receber o treinamento de técnicos especializados. O coordenador do órgão do Governo do Estado, Laercio Cavalcante, explica que “é preciso fazer um estudo da cadeia produtiva mais rentável nesses locais, considerando a localização, clima, qualidade do solo, enfim, um estudo é feito pelo corpo técnico que, em seguida, faz a reestruturação de um projeto para atender um determinado número de pessoas de uma comunidade”.

Como parte das ações integradas de desenvolvimento econômico e sustentável no Alto Solimões, o Proderam tem o apoio do Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (Bird) na aplicação de recursos nas áreas de saneamento básico e saúde.



DANIEL MACIEL
BLOG COARI EM DESTAQUE

Postar um comentário

1. O Blog em Destaque reserva-se o direito de não publicar ou apagar acusações insultuosas, mensagens com palavrões, comentários por ele considerados em desacordo com os assuntos tratados no blog, bem como todas as mensagens de SPAM.

Postagem Anterior Próxima Postagem

Formulário de contato