MAQUIAVEL E COARI: A PERMANÊNCIA E A ALTERNÂNCIA DE GOVERNANTES DO MUNICÍPIO

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O escritor florentino da idade média, considerado o pai da ciência política, em um dos trechos de seu famoso livro o Príncipe diz o seguinte: “Qualquer Príncipe permanecerá indefinidamente soberano em seu Estado, a menos que deste seja ele privado por uma força extraordinária e sobrepujante. Ainda neste caso, ao menor revés do ocupante, ele reaverá o seu principado”. Deste e de outros trechos podemos auferir alguns pontos para analisar a atual situação política de Coari, diante dos últimos acontecimentos que representaram alternância política no comando do município.

O texto fala de alternância no poder. De um governante que não permanece indefinidamente no governo por um único fator: “uma força extraordinária e sobrepujante”. Não vem o caso analisar aqui a permanência no poder (elemento marcante de governos hereditários), mas a alternância no poder, que é o forte da democracia. Esta alternância, é movida por fatores, no qual permite analisar o caso de Coari, sendo o que aconteceu no município, mesmo o previsto nas leis, fatores extraordinários concorreram para que a mesma acontecesse.

Sem dúvida, a partir do momento em que forças extraordinárias e sobrepujantes entraram como elementos novos na disputa política local é que se efetivou a mudança no comando da prefeitura de Coari. Mesmo havendo uma eleição legítima em 2008, onde através do voto o povo escolheu o governante, pelo qual gostaria de ser governado. Fatos jurídicos que retiraram do governo o que havia sido escolhido no voto, serviram como “uma força extraordinária e sobrepujante” que ao caçar o mandato do ex-prefeito e autorizar outra eleição imediatamente (mesmo antes do julgamento do mérito).

Outros elementos contribuíram para que a alternância fosse efetivada (o bloqueio das contas da prefeitura que deixou o município debaixo de uma intervenção branca, a prisão do líder político do grupo constado o fatos nos autos de não ter sido encontrado o seu endereço, a influencia política externa ao município como que em uma orquestração imaginável). De fato, que não foram os mesmos atores políticos interessados no poder na eleição de 2008 que concorreram a eleição suplementar, apenas um, o que foi eleito na eleição suplementar foi quem teve o privilégio de disputar duas vezes o mesmo cargo, observado o cuidado em isolar os demais. De sorte, que o privilégio de concorrer duas vezes ao mesmo ao mesmo poder só coube a que efetivamente acabou sendo eleito, por uma vantagem muito pequena, mesmo tendo o privilégio de concorrer duas vezes à mesma vaga em um período de tempo muito pequeno. Com natural vantagem adquirida, mantêm-se no poder, por influencia desta “força extraordinária e sobrepujante”.

No entanto, reveses podem acontecer, e este revés que oportuniza é o ocupante do governo. Em Coari, há dois aspectos. O primeiro revés pode ser jurídico, uma vez que há em aberto o julgamento do mérito da questão; mérito que ainda não foi apreciado. E não tendo sido, muita coisa pode acontecer, dentre elas, o retorno do ex-governante ao mandato por um entendimento jurídico. O segundo, pode ser popular. Pois como é o próprio governante que permite o revés, pode ser que os erros, principalmente no que diz respeito à governabilidade e a confiança popular, na democracia, pode representar o maior revés de todos. O povo que confia é o mesmo que se arrepende, o que permite a chegada ao poder é o mesmo que sente a confiança traída e daí, através da comparação, o próprio povo analisa os fatos (ainda que muitos se corrompam) entendendo que no governo anterior os males eram menores que no atual, permitindo através do voto o retorno do antecessor (ou quem lhe represente) ao poder.

De sorte, que por mais que o governante ganhe rios de dinheiro, torne-se milionário, enriqueça a custa da confiança do povo faltará a ele a “virtu”. Para qualquer governante, a essência, a meta e o mito de sua existência é o poder oriundo da confiança popular. Ainda que esteja coberto de jóias e de dólares, se não tiver a confiança popular será mais um miserável, que passou pelo poder sem acrescentar nada a história, nem à sua e nem a do povo que ousou confiar nele.



DANIEL MACIEL
BLOG COARI EM DESTAQUE

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2Comentários

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  1. Coari, povo ignorante sem cultura, sem visao de politica, sem conhecimento...
    alienados ao passado, acostumados com o comodismo, nunca buacam novas ideais! fraudes, roubos, mentiras, promessas, um prato cheio para os politicos locais que abusao da falta de conhecimento desse povo que nao tem conciencia dos males que causam para si mesmo!
    Deveriam investir em educação, saude, saneamento basico... Coari fede do começo ao fim ... Povo de Coari vamos acordar para a realidade vao em busca de conhecimentom aprendam a fazer uma politica limpa, que com certeza o melhor virá a tona!
    Nunca se deixe corronper com mentiras, promessas, dinheiro sujo, nada isso compra a dignidade e a consciencia de um ser de Boa Indole...
    chega do de visar o passado e esqueçam o presente ! Questione o futuro. Mudem o modo de agir e pensar!




    By: Simões A.

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  2. Texto de altíssimo nível. Poucos comentários demonstram o quanto seus leitores entenderam. Infelizmente.
    Não desanime. Continue abordando temas de grande expressão e que possam proporcionar discussões sérias para a cidade de Coari.
    Por outro lado, poderia abordar também o papel dos meios de comunicação na cidade. TV, Rádio, impressos e a internet.
    As duas rádios de destaque erram de forma semelhante. A rádio da prefeitura, que tem até programa com o slogam da atual administração (um novo tempo) leva prefeito, secretários, vereadores comprados, para entrevistas. Mas o ridículo das entrevistas é que as perguntas são absurdamente direcionadas à respostas que propiciem a manutenção de uma mentira. E quando uma mentira é contada mil vezes, como reza a lenda, é bem provável que o ouvinte da rádio acredite que seja verdade.
    A outra rádio, que "mostra a verdade... doa em quem doer" , destaca os problemas da cidade, os descasos da prefeitura, dá espaço para a população falar, reclamar... mas explora a população como se a rádio pudesse afastar o prefeito, obrigá-lo a pagar os salários atrasados, obrigar a prefeitura a asfaltar as ruas, a construir a ponte do pêra antes do período das chuvas, dentre outras coisas.
    Erram as duas emissoras quando usam a ignorância da população. O nome disso é manipulação.
    Na TV, o que se vê é muito estranho. Primeiro que logo após a posse do atual prefeito, a Rede Amazônica ficou sem repórter em Coari. E de lá até hoje, não foi contratado ninguém. Ou seja, não podemos esperar que a principal retransmissora de TV na cidade, faça algum material jornalístico que possa ser exibido na programação para todo o Amazonas assistir... E o que assistimos? Em ação!!! é mole? as outras emissora, não vale nem a pena comentar, com exceção da amazonsat.
    Os impressos que circulam são produzidos pela própria prefeitura. Direcionados.
    A internet.... Muitos dizem: "graças a Deus que existe a internet". É mais ou menos por ai. A internet é a única ferramenta que não sofre bloqueios da prefeitura. O seu blog, coariemdestaque, é a principal ferramenta de divulgação da realidade de Coari, atualmente. Outros até tentam, mas falham em muitos aspectos primários. E como a população gosta de estar na internet... os comentários vem a mil por hora...
    Boa sorte.

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