JUSTIÇA ESTADUAL EM CHEQUE

Ninguém tem mais autoridade para falar sobre um assunto do que aquele que convive com o problema. A tendência de todos os setores da sociedade organizada é o corporativismo e quase sempre todos que fazem parte de instituições, principalmente as públicas, preferem calar à revelar o descontentamento com as irregularidades e problemas existentes dentro das estruturas das organizações e principalmente dos poderes, no entanto, vez por outra surge uma voz destoante que quebra o silêncio e revela que nem sempre a situação é boa e correta como idealmente é pretendido passar.

O desembargador Rafael Romano, na sessão plenária de ontem do TJA-AM abriu o verbo e disse que "na justiça do Estado há juízes que ficam para cima e para baixo, vindo para a capital, convocado ou não, arranjando pretexto, fazendo cursos, ao invés de estar no interior". Ficou bem claro no pronunciamento do desembargador que a justiça do Amazonas está deixando o interior do Estado em uma situação de abandono e que a ausência de juízes nas comarcas virou uma farra.

Rafael Romano afirmou uma verdade que muita gente faz questão de escamotear, ele disse que "a Corte da Justiça Estadual está de pires nas mãos diante do executivo, porque não consegue pagar as próprias contas". As declarações são no mínimo polêmicas, mas revelam o porque de tanto desrespeito com a Constituição e as leis vigentes, pois muitos absurdos são cometidos contra os cidadãos e seus direitos e mesmo assim a inércia do poder judiciário contribui para um descrédito maior nas leis e nos aparelhos do Estado. Com a declaração do desembargador Rafael Romano podemos entender porque muitas coisas não são resolvidas.