A CHEIA VEM AÍ

 
Efeitos da cheia em sete cidades 

Luiz Vasconcelos
Ruas inteiras estão alagadas em comunidades rurais de Tabatinga. Crianças brincam alheias aos prejuízos


Ana Celia Ossame
Da equipe de A CRÍTICA

Tabatinga (AM) - Sete municípios do interior do Amazonas estão em estado de emergência devido às cheias. O município de Tabatinga é um dos mais afetados pelo aumento de nível do rio Solimões. Além dele, já estão em situação crítica Itamarati, Guajará, Ipixuna, Atalaia do Norte, Benjamim Constant e Barreirinha.

O prefeito de Tabatinga, Saul Bemerguy informa que mais 90% da produção agrícola do município já estão perdidos. Na última semana, mais de 15 casas da comunidade de Belém do Solimões, desmoronaram com a chegada das águas. Há prejuízos para o ano letivo já que algumas comunidades rurais estão isoladas e não há como os alunos chegarem às escolas.

Saul explica que os moradores estão numa situação difícil, pois haverá necessidade de ampliar o número de barcos destinados a apanhar os estudantes em casa, já que a enchente isolou várias comunidades onde antes não havia necessidade de transporte. A preocupação dele deve-se ao compromisso assumido pelo município diante dos governos do Estado e Federal para melhorar os índices de aprovação nos exames nacionais como Ideb, que é o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica e o Enem, Exame Nacional do Ensino Médio. "Com as escolas paralisadas as aulas serão prejudicadas", lamentou.

Outra situação grave com a enchente é a perda de 90% da produção de mandioca, banana e abacate, mas ele se preocupa ainda com a vazante, que trará doenças. "Se continuar a encher até maio, vamos ter a maior enchente, superando a de 1953", revelou o prefeito, citando que, com a vazante, que só começa a partir de maio, virá também o problema das doenças como diarréias e a malária. "Na época da cheia, perdemos as plantações, quando seca o rio vêm as doenças", explicou.

Guadalupe

Na sede de Tabatinga, numa comunidade chamada Guadalupe, na fronteira com a Colômbia, as pessoas já andam sobre pontes porque a rua principal, a Marechal Rondon, virou um local de banho para as crianças, indiferentes à poluição de esgoto que vem da cidade de Letícia e, segundo alguns moradores, é despejado naquela área. Guadalupe está situada no marco divisório dos dois países e está na margem do Igarapé de Santo Antônio. Várias famílias já tiveram que deixar suas casas e outras terão que fazê-lo se o nível das águas continuar subindo.

Arlene da Silva Ajal, 40, mãe de três filhos, mora há 14 anos na comunidade e nunca viu tanta água ali. "Estamos preocupados, mas não temos para onde ir", disse ela. Rosilene Chauna, 19, mãe de três crianças pequenas, cuja casa está a poucos centímetros das águas é outra que não esconde a preocupação. "Não temos o que fazer a não ser esperar que a água pare de subir", afirmou. Moradora da comunidade de Guadalupe há três anos, Tatiana Andréia Holanda Amie, 19, lamenta ver as crianças nadando naquela água contaminada. "Meu filho de três anos de idade já caiu na água, tenho muita preocupação com a segurança", revelou. 

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