PREFEITAS DO INTERIOR

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Até a eleição deste ano o Amazonas contava apenas com duas prefeitas no interior, o pleito de 2008 conseguiu eleger sete mulheres.

Vera Lima
Equipe do EM TEMPO

Pela primeira vez o Estado do Amazonas elegeu sete mulheres para as prefeituras no interior. O fato inédito na política amazonense, onde até agora prevalecia a figura masculina com apenas duas exceções, marca uma nova etapa na administração municipal com a presença feminina e a habilidade da mulher na condução dos destinos destes municípios. Anete, Maria Rosineide, Sansuray, Ana, Dorinha, Eliete e Maria Barroso são as novas prefeitas dos municípios de Atalaia do Norte, Japurá, Anori, Ipixuna, Boca do Acre, Santa Isabel do Rio Negro e Pauni, respectivamente.
Embora formem um time feminino marcado pela determinação, perseverança e coragem elas só têm em comum a vontade de fazer a melhor administração em seus municípios a partir do dia primeiro de Janeiro. Todas elas estão com a firme determinação de lutar por dias melhores para os munícipes que confiaram em suas propostas de trabalho e, como se tivessem ensaiado a resposta, quando indagadas sobre as prioridades de seus governos elas respondem a uma só voz: saúde e educação são questões fundamentais.  
Em um universo masculino de 55 prefeitos, as sete prefeitas representam apenas 11,29% em um total de 62 municípios. Mas esse pequeno percentual não parece interferir nem um pouco na vontade destas mulheres. Para a pacata funcionária pública Anete Peres Castro Pinto, 53, divorciada, acadêmica de Serviço Social, estrear na política numa área até então quase de exclusividade masculina é um privilégio. “Espero que isto sirva de exemplo para outras mulheres que gostam de política, mas que não têm coragem de disputar um cargo”, ressaltou.
Anete nunca exerceu nenhum cargo político e se candidatou pela primeira vez aproveitando a oportunidade que surgiu graças ao trabalho realizado na área social, com uma associação (Adinsol) que presta apoio logístico a pessoas carentes. A prefeita eleita pela coligação “Atalaia não pode parar” disse que pretende continuar com o trabalho realizado pelo prefeito atual, Rosário Conte Galante, que fez um bom trabalho no município.
Maria Rosineide, também conhecida como Bebequinha, 45, eleita prefeita de Japurá pela coligação “A força que vem do povo”, também vem das fileiras do serviço público municipal e traz na bagagem a experiência de já ter sido prefeita no período 86/90. Na última eleição, Bebequinha foi a única mulher na disputa eleitoral e ganhou com 90% da preferência popular. Ela atribui sua vitória ao bom trabalho que fez na primeira gestão e acrescenta que nem precisou fazer muito esforço porque quem votou nela na primeira vez repetiu o voto em 2008. O seu principal projeto para a nova administração é a pavimentação da cidade, que está em situação precária.

Substituições em família

A pequena Sansuray Pereira Xavier, 30, prefeita de Anori, eleita pela coligação “Anori a hora é agora”, decidiu abandonar o trabalho como gerente da agência local dos Correios e fazer campanha para disputar a prefeitura. Casada e mãe de três filhos, ela diz que sua campanha foi muito “pé no chão” e disputada com a humildade de pedir voto porta a porta. Sansuray conseguiu se eleger como a primeira prefeita do município. “Queremos fazer uma administração voltada para a comunidade e temos vários projetos. A saúde está precária e não temos escola para a educação infantil”, revelou a prefeita eleita.
O caso da prefeita Ana Farias, eleita para Ipixuna pela coligação “Frente Progressista Ipixuna é com a gente”, é o típico caso de substituição familiar. O filho de Ana, Armando de Oliveira, teve a candidatura impugnada e a mãe decidiu disputar o pleito no seu lugar. Com a experiência adquirida em seis mandatos como vereadora do município, ela concorreu e ganhou a eleição. “Pretendo continuar o trabalho do meu filho e acho que posso fazer isso porque tenho 28 anos de trabalho na política”, afirma a avó de 15 netos.
Ana substituiu o filho mas no caso de Maria das Dores a substituição foi ao nome do marido que teve sua candidatura impugnada em Boca do Acre, onde ela conseguiu se eleger pela coligação “Muda Boca do Acre”. Dona de casa, 50 anos e com o ensino fundamental incompleto, Dorinha fez uma campanha baseada na fé e na esperança. Como coordenadora dos trabalhos na sua igreja ela diz que só ganhou porque essa foi a vontade de Deus, porque dificuldades encontrou muitas, principalmente quando o marido (Domingos Vicente Munhoz) teve sua candidatura indeferida.
 Entre os projetos para o ano que vem ela inclui a implantação de escolas na área rural, saneamento básico e reestruturação da rede de fornecimento de energia elétrica.

Casa arrumada

A nova prefeita de Santa Isabel do Rio Negro, Eliete Beleza, 45, reeleita pela coligação “Santa Isabel para todos”, dividia o reinado das prefeituras do interior com a prefeita do município de Silves, Alzira Cildra Brito Andrade, que será substituída em janeiro pelo prefeito eleito Aristides Queiroz, que também já foi prefeito do município. 
Eliete foi reeleita para Santa Isabel do Rio Negro, mas já trabalhava diretamente com política como subprefeita do marido Ribamar Beleza, que era prefeito do município em 97. Quando Beleza se desincompatibilizou para disputar a Prefeitura de Barcelos, Eliete assumiu a administração municipal. Para 2009 ela já tem os projetos definidos:
“Eu pretendo investir na saúde porque a cidade está precisando de muitas coisas. Breve vamos inaugurar um hospital e ganhar asfalto, além de uma praça e uma escola pública. Estamos conseguindo a ajuda do governo do Estado e também recursos do governo federal via projeto Calha Norte. Mas posso dizer que a casa está arrumada e pronta para o futuro”, assinalou. 

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