"Fase inicial" de ofensiva israelense já matou mais de 380

Saud Abu Ramadán

Gaza, 30 dez (EFE).- Após quatro dias de bombardeios, Gaza calculou hoje seus mortos em mais de 380 e seus feridos em 1.700, enquanto Israel advertia que sua ofensiva militar está na "primeira fase" e que alcançar um cessar-fogo não é sua "principal preocupação".
"A operação militar avança e, por enquanto, o Exército executa a primeira de várias fases que foram autorizadas pelo gabinete político-militar", disse o primeiro-ministro israelense, Ehud Olmert, em uma reunião com o chefe de Estado de seu país, Shimon Peres.
A reunião se celebrou para que Olmert informasse sobre os detalhes da ofensiva a Peres, que pouco depois se reuniu com o chefe do exercito israelense, geral Gaby Ashkanazi. Este, por sua parte, reafirmou que "ainda temos que acabar o trabalho".
"Não podemos dizer quando acabará a operação, mas posso dizer alto e claro que nossa principal preocupação neste momento não é um cessar-fogo, mas cessar o terrorismo do Hamas", indicou o próprio presidente israelense.
Os quatro dias de ataques israelenses contra alvos vinculados ao movimento islamita Hamas na chamada operação "Chumbo Fundido" já mataram o maior número de palestinos desde a Guerra dos Seis Dias de 1967, mas a contagem de corpos ainda não parou.
Ontem à noite, dez de pessoas perderam a vida quando os aviões do Exército israelense atacaram edifícios do Governo do Hamas e de grupos armados palestinos, uma instalação naval ao oeste da Faixa de Gaza e casas de milicianos.
Entre as últimas vítimas se encontram as meninas Lama e Haja Talal Hamedan, irmãs de 4 e 11 anos que morreram em Beit Lahiya, no norte de Gaza, ao receber o impacto de um míssil enquanto passavam em um carro puxado por um jumento, disse o chefe dos serviços de emergência em Gaza, Muawia Hasanein.
Segundo a rede de televisão do Hamas, "Al-Aqsa TV", vários civis palestinos morreram quando um míssil explodiu na casa do dirigente das Brigadas Al Qasam, Aiman Siyam, no campo de refugiados de Jabalya, também no norte da Faixa.
Algo semelhante ocorreu na mesma localidade com o chefe do Hamas Maher Zaqout; um F-16 lançou um míssil contra sua casa, que se encontrava vazia, e matou sete vizinhos e transeuntes que estavam nos arredores.
A aviação israelense destruiu de madrugada os escritórios de ministros, secretários de Estado e altos executivos dos ministérios de Finanças, Relações Exteriores, Trabalho e Habitação do Governo do Hamas, precisou o Exército israelense.
Os ataques foram respondidos pelo Hamas com o disparo de dezenas de foguetes Qassam e Grad contra as localidades israelenses vizinhas a Gaza.
Desde que começou a ofensiva, as milícias palestinas lançaram cerca de 200 projéteis, que mataram quatro israelenses.
Apesar da enorme desproporção em perda de vidas humanas e capacidades militares, o Hamas acredita que seu movimento sairá vitorioso da ofensiva.
"A guerra no Líbano (2006) destruiu tudo, mas fortaleceu o poder e a popularidade da resistência (referindo-se ao Hisbolá). Assim, enquanto os ataques e massacres continuarem, o apoio do Hamas crescerá porque o povo nos vê lutando junto a eles", declarou hoje à imprensa um de seus porta-vozes, Ismail Radwan.
Desde o início da ofensiva, a única passagem de pessoas entre Gaza e Israel (Erez) permanece completamente fechada, o que impede os jornalistas entrar na Faixa.
A Associação da Imprensa Estrangeira denunciou esta "restrição sem precedentes da liberdade de imprensa", que Israel justifica na proteção dos correspondentes.
Também hoje, uma fragata israelense abriu fogo para impedir a chegada à Faixa de um navio com ajuda humanitária da organização "Free Gaza", que acabou no porto de Tiro, no sul do Líbano.
Israel mantém há dias tropas e tanques posicionados em torno de Gaza, para uma possível invasão terrestre da Faixa, para o que o Governo israelense poderia contar com o apoio dos 6.500 reservistas aos que mobilizou.
Apesar o que parece o prólogo de uma iminente invasão, o ministro italiano de Relações Exteriores, Franco Frattini, revelou hoje que falou por telefone tanto com Peres como com seu colega israelense, Tzipi Livni, e que ambos lhe asseguraram que excluem uma incursão terrestre em Gaza.
A explicação que lhe teriam exposto é que "envolveria ocupar de novo a Faixa" e que "as conseqüências seriam ainda mais trágicas em termos de vidas humanas".

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