TRANSFERINDO RESPONSABILIDADE

Em Destaque
Por -
0
Encontrei um artigo muito interessante, que traz uma reflexão muito séria sobre o caso Daniel Dantas versus Protógenes  Queiróz e Gilmar Mendes. Afinal de contas, até onde a forma subjetiva de entender o que é justiça pode afetar a vida das pessoas e permitir a condenação ou inocência precipitada de quem quer que seja. Leia o artigo, que o escreveu foi Renato Pacca ele é advogado formado pela UFRJ, mestre em direito e professor universitário.

...

Protógenes insinua que a culpa vai ser da Justiça...

O delegado da Polícia Federal Protógenes Queiroz reclamou das buscas em sua casa e na de seu filho, realizadas pela Corregedoria-Geral da instituição, cumprindo mandado judicial. Ele revelou que chegou a pensar na quinta-feira em pedir demissão. Vejam só sua declaração, segundo notícia publicada no GLOBO:

- Eu já disse para eles, se querem me aniquilar, marquem dia e horário, que eu vou comparecer. Cortem os pedacinhos e joguem no oceano Pacífico, para que eu não volte para perturbar vocês - disse o delegado, em palestra em uma universidade particular de Brasília.

Frase de efeito, é claro. Se eu não soubesse o autor, poderia imaginar um político em campanha eleitoral, se apresentando como um super-herói, pronto para retornar até mesmo de outros mundos em busca de justiça. O fato é que a busca decorreu de um mandado judicial, como o que ele obteve para efetuar busca e apreensão na casa de Daniel Dantas. Deve ser duro para o delegado experimentar agora o papel de investigado.

A notícia menciona que o delegado teria feito críticas ao presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, que libertou duas vezes o banqueiro Daniel Dantas, e voltou a defender a condenação do empresário:

- Se ele não for condenado e preso, a Justiça estará desacreditada, vai ser um estímulo à corrupção no país - afirmou.

Primeiramente, é preciso ressaltar que o STF já votou o habeas corpus e, por nove votos a um, ratificou as liminares concedidas pelo ministro Gilmar Mendes. Assim, daqui por diante o delegado deve esquecer o foco no ministro Gilmar Mendes e direcionar sua indignação também aos demais ministros do Supremo, com exceção do ministro Marco Aurélio, que votou contra a segunda liminar, e do ministro Joaquim Barbosa, ausente. 

Por outro lado, notem que o delegado insinua que se o banqueiro não for condenado e preso a Justiça ficará desacreditada. Bem, pelo menos ele alterou a ordem, pois antes defendia a prisão, mesmo sem condenação, não é mesmo? Um avanço, sem dúvida. Agora, dizer que a Justiça ficará desacreditada, mesmo depois de todas as falhas e exageros na operação? Quer dizer que o Judiciário tem que condenar sem provas? O julgamento não pode ser outro? Ele já bateu o martelo?!?!

...

Ao ler este artigo, famosa frase: "Eu já vi este filme" salta da imaginação. O certo é que depois destes caso Daniel e Protógenes, a espetaculaziração e pirotecnia em torno das operações da Policia Federal deu uma trégua. Sou defensor do trabalho sério da polícia em qualquer esfera, principalmente dentro da extrema legalidade, pois cumprem o papel coercitivo do estado e garantem o cumprimento da lei. No entanto, o papel de julgar e inocentar está além da mesa de um delegado, ou de quem quer que seja, exageros a parte não contribuem para uma sociedade melhor, pois na elaboração de uma operação precipitada, o que fica é desgaste, como neste caso.


Postar um comentário

0Comentários

1. O Blog em Destaque reserva-se o direito de não publicar ou apagar acusações insultuosas, mensagens com palavrões, comentários por ele considerados em desacordo com os assuntos tratados no blog, bem como todas as mensagens de SPAM.

Postar um comentário (0)