CONSCIÊNCIA NEGRA?

O tempo passa e os dilemas humanos continuam, mudando lentamente, tão lenta que parece ser imperceptível. Uma das questões mais debatidas no seio da sociedade é o preconceito racial, indignidade humana que provocou as maiores genocídios da humanidade. Marcas deixadas no sistema escravocrata, nos campos de concentração nazistas, nos guetos americanos e no apartheid, da África. Com a eleição de Obama, o primeiro presidente negro dos Estados Unidos, todos nós pensávamos estar vivendo um momento diferente na humanidade, esperávamos que a ficha tivesse caído na cabeça dos preconceituosos, de que não importa a cor da pele, o ser humano é digno por ser humano. 

Mas fico embasbacado, em derrepete ver pipocar em todos os meios de comunicação que um funcionário da American Airlines está sendo acusado pro Dudu Nobre (aquele sambista gente boa) de racismo. O pau quebrou dentro do avião, foi baixaria da braba mesmo. Porquê? Porque desde os Estados Unidos, Adriana Bombom, a mulher negra de Dudu vinha sendo achacada por uma das aeromoças por ser negra e está viajando com seus filhos, todos negrinhos em um vôo internacional, ele fazendo show em Miami e Nova York e ela passeando com os filhos em Disney. O sambista foi tachado até de macaco. De última, não? Principalmente, na véspera do Dia da Consciência Negra, dia em que todos os brasileiros são convocados a refletir sobre este problema arraigado no seio da sociedade brasileira: o racismo. O preconceito começo lá nos EUA, por pessoas de lá. Bombom desabafou: "Fiquei muito triste. A gente sai do país da gente, gasta no país deles e ainda é esculachado desse jeito. Isso é um absurdo”. O caso foi parar na Polícia Federal. 

Falta consciência para muita coisa no mundo, no entanto, poderíamos realmente levar a sério o dia da consciência negra, nós que também temos um anti-americanismo arraigado, coisa que estava caindo com a eleição do Obama, mas que volta forte diante de fatos como este sofrido com o Dudu Nobre. Por isso que as coisas as vezes não dão certo, pois que gosta de ser olhado de cima para baixo, como se tivessem tentando mostrar a nossa inferioridade, que não existe. Ainda bem que nem todos têm o mesmo pensamento da aeromoça e nem do outro funcionário da companhia aérea. A terra do Tio Sam gerou filhos nobres como Martin Luter King, mártir da causa, que em troca de um sonho sacrificou sua própria vida, mostrando que mesmo diante do impiedoso e cruel assassino sonhos não morrem, ele afirmou: "Eu tenho um sonho que minhas quatro pequenas crianças vão um dia viver em uma nação onde elas não serão julgadas pela cor da pele, mas pelo conteúdo de seu caráter. Eu tenho um sonho hoje!". Com certeza, grande parte do sonho deste homem se tornou realidade.

Daniel Maciel