UMA OPINIÃO DO DIÁRIO DO AMAZONAS

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Auzier Moreira, um magistrado


Interpretar a lei e decidir sobre um conflito é sempre um momento de liberdade. É quando o Judiciário se reafirma como poder independente ao afastar-se de qualquer pressão legítima ou não, seja dos demais poderes, instituições ou outros interesses. É o momento onde os juízes podem e devem reconciliar a lei defeituosa e má com os anseios de liberdade, justiça e democracia. Rui Barbosa já dizia que um país deve ser avaliado não pela Constituição que tem, mas pelo modo como a põe em prática. Por sua vez, o saudoso Aliomar Baleeiro lembrava que ministros do Supremo são empregados do povo com a função de aplicar as leis que o povo faz. Quando atuam com independência cumprem seu dever.

E é isso que tem feito o desembargador Auzier, ao longo de toda sua carreira de relevantes serviços prestados à magistratura do Amazonas, sempre julgando com independência e total isenção. Sem qualquer elogio fácil e favor nenhum, posso dizer que sua trajetória pública certamente é orgulho e exemplo para as novas gerações de magistrados.

Agora, acresce à sua vida profissional, o honroso título de Presidente do Tribunal de Justiça do Estado. Atinge o apogeu de sua carreira pelos seus próprios méritos em que sempre deu mostras de lucidez, inteireza moral, como comprovam seus inúmeros votos e decisões. Imbuído dos mesmos sentimentos éticos e convicções jurídicas que há 36 anos o animaram a ingressar na magistratura, como juiz de direito da comarca de Borba.

E chega à Presidência, tenho certeza, com a mesma vocação e ideais da juventude, que não mudaram, procurando zelar pela Instituição, preservando suas mais caras tradições de eficiência e compostura. Porque aqueles que fazem na vida a opção de agir sempre com dignidade e transparência como Auzier, não encontram, nem poderiam jamais encontrar caminhos de volta.

Recentemente, ao atribuir efeito suspensivo a um recurso incidente de Embargos de Declaração contra acórdão do Tribunal, em demanda envolvendo os municípios de Coari e Manaus, nada mais fez do que cumprir seu dever jurisdicional, uma vez que não concedeu, nem retirou direito de qualquer das partes. Mesmo assim, foi alvo de suspeitas e ilações das mais absurdas. Mas, certamente se tivesse decidido diferente hoje, quem sabe, estaria sendo endeusado como o juiz mais honesto do mundo, astro de primeira grandeza da magistratura brasileira.

No entanto, serenamente alheio aos interesses contrariados e às paixões desmedidas, continua o magistrado que todos conhecemos: simples, humilde, colega que nos engrandece e que deixou saudades nas longínquas comarcas do Alto Solimões e do Madeira. Não por acaso, tem toda uma carreira marcada pela coragem pessoal e pela independência, sem nunca se curvar ao arbítrio e à prepotência dos poderosos, dos que se acham acima da lei, do bem e do mal, da ordem e dos poderes constituídos.

Talvez, por isso, não raro, ao longo de sua vida judicante sofreu preterições e desenganos, a ingratidão de quantos ajudou, a perseguição dos incompetentes, o inconformismo dos derrotados e a incompreensão de muitos. Mas, como homem de fé, profundamente religioso, sempre soube compreender essas mazelas, e esteve acima dessas manifestações inferiores do ser humano.

Auzier, portanto, tem um passado e uma história de honradez, atestado por aqueles que o conhecem. Mais do que isso: tem toda uma existência dedicada ao Poder Judiciário amazonense. E como lembrava David Nasser, “é inútil querer destruir com a artilharia de lama uma figura de mármore”.

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1Comentários

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  1. Caro este artigo não é do diário de amazonas mas uma opinião pessoal do desembagador Arnaldo Carpinteiro Peres. creio eu qu tentando de alguma forma amenizar a pressão que o Dezembargador Alzier vem sofrendo pela opinião pública e lógico tirando o seu da reta pois tambêm está envolvido nesse mar de lama.

    Por favor corrija.

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