CASO ISABELLA: Pai e madrasta devem ser indiciados

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Pai e madrasta devem ser indiciados por morte de Isabella, diz polícia



Publicada em 18/04/2008 às 13h17m

GloboNews TV, O Globo Online, Diário de S.Paulo

SÃO PAULO - Alexandre Nardoni, 29, e Anna Carolina Jatobá, 24, devem ser indiciados nesta sexta-feira, após prestarem depoimento no 9º Distrito Policial. Segundo fontes da polícia, eles passam a ser acusados pela morte de Isabella de Oliveira Nardoni, 5, jogada pela janela do apartamento do pai no último dia 29. O indiciamento não significa que o casal será preso.

O depoimento de Alexandre começou por volta de 11h30m, com uma hora de atraso. Anna Carolina será ouvida em seguida. De acordo com a polícia, ele está respondendo às perguntas sobre a morte da filha. De acordo com os advogados de defesa, o casal voltará a negar o crime e reafirmar o que já disse à polícia no primeiro depoimento

Nesta sexta, Isabella completaria 6 anos. Uma multidão faz vigília do lado de fora da delegacia. Por várias vezes, as pessoas cantam 'Parabéns a você'. Na frente da casa do pai de Alexandre, onde o casal está hospedado desde que saiu da cadeia, após cumprir oito dias de prisão temporária, um grupo de pessoas se reuniu para cantar Parabéns diante da residência à meia-noite. Dois pichadores foram detidos ao inscrever 'Justiça' num muro na rua. Eles foram levados pela polícia, mas outros jovens terminaram de escrever a frase.

A mãe da menina, Ana Carolina de Oliveira, foi nesta manhã visitar o túmulo da filha.

Tumulto na saída para a delegacia

A saída de Alexandre e Anna Carolina foi tumultuada por conta da grande aglomeração de curiosos e jornalistas na porta da casa. Por duas vezes um carro da família tentou deixar a garagem e não conseguiu. Os advogados pediram apoio da polícia e o casal teve de sair caminhando para entrar num carro do Grupo de Operações Especiais (GOE). Na saída, pessoas jogaram pedras e pedaços de objetos em direção aos dois, que tiveram de ser protegidos por escudos.

Anna Carolina Jatobá chorou; Alexandre saiu de cabeça baixa. O trajeto foi percorrido com escolta, sem paradas em semáforos.

Os depoimentos do pai e da madrasta são tomados separadamente. Cada um ficará acompanhado por pelo menos um advogado. As perguntas são feitas pelo delegado Calixto Calil Filho e pela delegada assistente Renata Pontes, que conduziram o inquérito. Os dois são os únicos suspeitos pela morte de Isabella.

Laudos estão prontos

Três laudos sobre as causas e circunstâncias da morte de Isabella foram concluídos na madrugada. O maior e mais completo deles, o de crime contra a pessoa, tem mais de 100 páginas. São mais de 60 fotos e detalhes do que aconteceu no dia do crime. Foram finalizados também o laudo necroscópico do Instituto Médico Legal (IML), e um outro documento, feito pelo Núcleo de Identificação do Instituto de Criminalística (IC), que analisou a fita do prédio em frente do Edifício London, onde Isabella morreu.

O advogado Ricardo Martins, que representa o casal, citou Jesus Cristo ao chegar à casa do pai de Alexandre Nardoni na manhã desta quinta:'Não julgueis para não serdes julgado'.

- É humilhante, desesperador ter de contratar pessoas para ficar aqui dentro e na entrada, para que se tenha condições de dormir em paz - disse Martins, referindo-se à contratação de seguranças pela família Nardoni.

Descartada 3ª pessoa na cena do crime

Os peritos descartaram a presença de uma terceira pessoa no local do crime e chegaram à conclusão que o assassino da menina limpou o rosto dela para esconder vestígio da agressão. Foram usadas uma fralda e uma toalha de rosto, encontradas no apartamento do pai. Apesar de terem sido lavadas, foram detectadas manchas do sangue de Isabella. Ao ser encontrada após a queda do 6º andar, Isabella tinha um corte de 2 centímetros na testa que não sangrava. A menina ainda respirava quando foi encontrada no jardim do prédio.

Segundo o IML, Isabella morreu em conseqüência de politraumatismo (lesões múltiplas) sofrido durante a queda, agravado por asfixia. Ela não teve parada cardiorespiratória no percurso até o chão. Segundo os legistas, apesar de o rosto da criança ter sido limpo, é possível comprovar que o ferimento na testa era recente porque as células responsáveis por combater a entrada de bactérias estavam aglomeradas em torno da ferida. Isso significa que havia circulação sangüínea e que ela respirava.

O movimento sangüíneo também foi confirmado pelos legistas nos hematomas nas pernas da criança causados na queda. Se estivesse morta, os vasos não se romperiam.

Segundo os legistas, Isabella levou dois segundos para chegar ao chão, em uma velocidade de 72 km/h. O impacto foi amortizado por uma palmeira de 60 centímetros, a grama de 10 centímetros e a terra fofa.

Já se sabe que o sangue encontrado no apartamento, em um rastro que ia da porta até o quarto de onde a menina foi jogada, é de Isabella. Também é dela o vestígio sangüíneo achado no colchão e na camiseta e na bermuda de Alexandre.

A perícia também confirmou que a pegada no lençol de uma das camas é compatível com um chinelo de Alexandre, e que na camisa do pai havia fiapos de náilon da tela da janela em que a criança foi jogada.

A polícia requisitou ao Hospital Nipo-Brasileiro, da Zona Norte, o prontuário médico de Isabella desde janeiro de 2007, para descobrir se a menina deu entrada em alguma ocasião com lesões corporais. A medida foi adotada após a polícia ter recebido denúncias de que a menina sofria maus-tratos no apartamento do pai.

Missa reúne 18 mil

A mãe de Isabella foi nesta quinta-feira (

à missa do Padre Marcelo

e deixou

mensagem no Orkut

). Em seu depoimento à polícia, a mãe de Isabella, relatou momentos de agressividade de Alexandre Nardoni e de desequilíbrio de Anna Carolina Jatobá. Ela disse

suspeitar do pai e da madrasta da menina

. (

Veja a íntegra do depoimento

)

Um taxista depôs e reforçou a tese da polícia de que a menina gerava desentendimento na família.

Anna Carolina teria dito a ele que quando Isabella passava o fim de semana com eles o 'clima acabava'.

Defesa pediu mais provas

Os

advogados do casal pediram à Justiça que busquem mais provas e mantêm a tese de que alguém entrou no apartamento

de Nardoni, agrediu e jogou a menina pela janela.

Para a polícia,

a madrasta asfixiou a menina e o pai a jogou pela janela.

Os dois

teriam combinado a versão dada à polícia sobre o que aconteceu dentro do apartamento

. Apenas sobre detalhes ocorridos antes da chegada ao apartamento os dois divergiram. Nenhum dos dois falou à polícia sobre terem estado cinco horas antes do crime no supermercado Sam's Club em Guarulhos, onde imagens foram gravadas e ajudaram a identificar as roupas usadas pelo casal.

A mãe de Alexandre

depôs por três horas nesta quinta no 9º Distrito Policial,

já que Ana Carolina disse ter ouvido dela o relato de agressão às crianças. O pai de Alexandre, Antonio Nardoni, afirmou

que Ana Carolina de Oliveira exagerou no depoimento à polícia

e que continua a ter absoluta certeza que o filho e a nora não mataram Isabella. O pais disse que se o filho fosse culpado já teria confessado.

Comportamento agressivo

Em depoimento, a mãe de Isabella disse que a filha, em várias vezes em que voltava de visita à casa do pai, apresentava pequenas manchas roxas no corpo. A menina dizia que os ferimentos resultavam de mordidas e beliscões desferidos pelo meio-irmão Pietro.

Uma das agressões do meio-irmão contra Isabella deixou Alexandre furioso: ele teria erguido o menino a certa altura e o soltou no ar, deixando que caísse no chão. A mãe de Isabella disse que o episódio lhe foi narrado pela mãe de Alexandre.

(leia também: Mãe de Isabella volta ao trabalho e a amigos dizem que família não fala por medo)

Ana Carolina de Oliveira recordou ainda uma festa em que Alexandre se descontrolou depois de uma brincadeira de um parente dela. Ofendido, Alexandre saiu da festa e voltou transtornado, sem camisa e chamando todas as pessoas para brigar.

Pai e madrasta combinaram depoimento, diz polícia

A coincidência do primeiro depoimento de Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá sobre o que aconteceu depois da chegada ao edifício London até a morte de Isabella levou a polícia a concluir que

os dois combinaram o que diriam à polícia

. Para os investigadores, o casal matou a menina. (leia os depoimentos de

Anna Carolina

e de

Alexandre Nardoni

).

Madrasta asfixiou, pai jogou pela janela, diz polícia

A polícia de São Paulo diz ter concluído: Isabella

teria sido agredida e asfixiada pela madrasta, antes de ser jogada do 6º andar pelo pai.

Na

roupa de Nardoni foram achados fiapos da rede de proteção da tela

por onde a menina foi jogada. A rede foi cortada inicialmente com uma faca, depois com uma tesoura.

Numa calça de

Anna Carolina, que não chegou perto da menina no térreo do prédio, foi achada marca de sangue

.

Testemunhas confirmam briga e contradições

A advogada Ana Ferrari e o marido Walter Rodrigues já estavam deitados, se preparando para dormir depois de um sábado de passeio com as filhas. O casal conta que jamais imaginou que logo ali, tão perto, uma tragédia estivesse prestes a acontecer. Além de chamar a atenção a proximidade do quarto do casal com o de Alexandre e Anna Carolina, há também o silêncio na região, totalmente residencial, que faz qualquer barulho ser percebido.

Na noite do assassinato de Isabella, o casal ouviu uma violenta discussão que vinha de outra janela, quase em frente: o quarto de Nardoni e Anna Carolina. Depois da discussão, as testemunhas disseram que ouviram gritos vindo de baixo, do térreo do residencial London.

- Nessas discussões aparecia uma pessoa, da voz feminina, principalmente. A voz masculina pouco se ouvia, praticamente nada. Mas a voz feminina que ficou muito marcada devido às palavras de baixo calão que pronunciava. Eram muitos palavrões. Não era uma briga típica de um casal, era uma briga de desespero -disse a advogada.

- O que me chamou a atenção foi depois, quando a pessoa virou e falou assim: jogaram a Isabella do sexto andar. Assim que aconteceu isso a minha primeira reação foi levantar, pular da cama e puxar a janela. Conforme eu puxei a janela eu já vi de frente para mim a moça que ficamos sabendo que era a madrasta. Ela gritava muito, falando os mesmos palavrões que nós havíamos escutados no interior do apartamento - disse a advogada.

(Clique e saiba o que mais o casal viu naquele dia)

Madrasta teve depressão pós-parto

Anna Carolina Jatobá teve depressão pós-parto após o nascimento do segundo filho, de 11 meses, e pode não ter tomado os medicamentos receitados pelo médico. Uma moradora do edifício London, que também tem um filho pequeno, afirmou que conversou com Anna Carolina e ela contou que teve um filho seguido do outro e que

sofreu de depressão pós-parto. E

m seu depoimento, Alexandre Nardoni afirmou que tinha uma receita médica em casa, de dois remédios prescritos para a mulher. Segundo ele, a família só comprou um dos remédios, um calmante. Ele disse ainda que a mulher não conseguia dormir à noite, por causa do choro do filho menor. Anna Carolina confirmou que comprou o remédio, mas diz que nem chegou a tomar o medicamento.

Na

calça jeans de Anna Carolina foram achados vestígios de sangue

, apesar de ter sido lavada. A

blusa que ela usava no dia do crime também foi lavada, o que, segundo o Instituto de Criminalística, prejudica a investigação

.

O que disse o pai

Segundo Alexandre Nardoni, alguém entrou em seu apartamento e jogou sua filha para baixo. Ele não havia mencionado marcas de sangue dentro do apartamento em seu depoimento inicial, como revelou o promotor e o juiz em sua argumentação para o fim do sigilo. Nardoni diz que, quando chegou ao apartamento, as três crianças dormiam - além de Isabella, ele tem mais dois filhos, de 3 anos e de 11 meses, estes filhos de Anna Carolina Jatobá. Levou primeiro Isabella no colo até o apartamento e a colocou para dormir, deixando a luz do abajur acesa. Trancou a porta e voltou ao carro para ajudar Anna Carolina a subir com as outras duas crianças. Ao retornar, viu que Isabella não estava mais na cama e que havia sido atirada pela janela.

Leia também:

Íntegra do depoimento da mãe, Ana Carolina de Oliveira

Íntegra do depoimento de Anna Carolina Jatobá

Íntegra do depoimento de Alexandre Nardoni

Advogado vai à Justiça para pedir novas provas

Isabella caiu a 72km/h e planta amorteceu queda

Achado sangue na calça jeans da madrasta

Duas pessoas participaram do crime, diz polícia

Porteiro contradiz versão do pai

Ciúme marca a relação amorosa de Alexandre e Anna Carolina

Libertado, casal passa o domingo com os filhos

Laudo deve indicar morte por asfixia

Exame toxicológico do casal dá negativo

Prisão do casal ajudará a preservar provas, diz promotor

Pai e madrasta se entregam à polícia

Pai divulga carta de defesa: "não sou um monstro"

Madrasta divulga carta e diz que amava Isabella

Justiça decreta prisão temporária do pai de Isabella e da mulher dele

Mãe de Isabella diz que Nardoni era agressivo

Vizinho teria ouvido criança gritar "Pára, pai"

Advogado reinterpreta frase e diz que menina pediu socorro ao pai

Menina pode ter sido agredida antes de jogada pela janela

Polícia investiga se Isabella foi asfixiada

Delegado descarta queda acidental

Avô defende o ex-genro

Pai diz que alguém jogou sua filha pela janela

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