A VIDA E A MORTE

No dia dos finados, muitos cumpriram hoje em Coari uma tradição, ir aos túmulos dos entes queridos para prestar homenagens. Pessoas de diferentes religiões, de diferentes classes sociais, de diferentes matizes nas pele, nos olhos, de diferentes formas de ver os fenômenos que envolvem a vida e a morte. Outros, se quer foram, mas lembraram com saudades aqueles que nos deixaram.

Daí uma reflexão sobre a vida, pensar que nunca se esgota, que nunca perece, pois por mais horrível que nos pareça viver, por mais problemas que surjam dia após dia, estamos tão arraigados a existência, que poucos têm a ousadia de tirar a própria vida, por não querer mais encarar as agruras. Quem morre por tragédia, doença ou por idade, vai-se ao mundo dos mortos, e ficamos nós entretidos em tantas coisas: luta pela sobrevivência, disputas, intrigas, lágrimas, pertubações e se quer percebemos que vamos no mesmo caminho: ao mundo dos mortos. Também não seria saudável viver pensando que amanhã morreríamos. O que é bom então? Aproveitar os bons e efêmeros momentos do lado de quem amamos, agir de acordo com uma boa consciência, procurar ser o mais justo o quanto for possível, construir castelos de amizade, perdoar os momentos ingratos que a vida nos reservou, depositar a confiança em Deus uma vez que os homens todos nos decepcionam e vier cada dia com a intensidade de quem é feliz. Quanto a morte? É inexorável.

Um dia ela nos abraçará com seus braços gélidos e nos levará ao além onde prestaremos contas à Deus. E o outros, que ficarem recordarão de nós, por tudo que fizemos e fomos e procurarão ao máximo sempre lembrar de nossas virtudes, se não, se tivermos sido monstros humanos, ou ficaremos esquecidos ou seremos apontados como exemplo de erros e vícios terrenos. Como a luz das velas nos cemitérios, no dia posterior apagadas, apagados seremos nós da face da terra. E a vida seguirá sempre aguardando pela morte.

Daniel Maciel