O QUE FAZER COM O PASSAR DO TEMPO

Texto: Daniel Maciel


O tempo passa e nós voamos, já dizia o escritor sacro, lembrando a efemeridade de nossos dias. O relógio do universo que move as eras e os anos tão lentamente que ao senso comum é imperceptível perceber o deslocamento dos astros na sua caminhada pelo céu a um segundo, mas este segundo é peremptório na caminhada da nossa existência que acumula milhões de segundos completando o tempo, o existir. Dia após dia, a cada giro do planeta em torno do sol, até que cheguemos ao ápice de nossa vida e partamos.


Se não encontramos respostas para os problemas da vida, ao menos temos consciência que existimos para procurar estas respostas, e os esforços desprendidos neste sentido representam os mais diversos avanços tecnológicos, científicos, ainda que a humanidade continue a mesma, egoísta, má e auto-destrutiva. A consciência que temos de nós mesmos, seres humanos é tão tacanha que conseguimos mudar as formas de comunicar, o clima do planeta, as relações de mercado, os meios de transporte, as geografias do mundo, mas não conseguimos mudar a essência da humanidade. O tempo passa, e nosso planeta, como uma nave errante no universo, gira penosamente ao redor do astro maior, definhando em milionésimos de segundo, lentamente indo para o fim. Por quanto tempo? Isto é totalmente relativo, o certo é que o tempo não pára, não espera por ninguém. Se não plantar uma flor hoje, pode ser que amanhã não seja possível, se não abrir meu coração para o sorriso da criança amanhã talvez não tenha o segundo necessário para isto. Se não amar intensamente a quem acolhe o nosso amor, pode ser que o próximo segundo não venha. Não que tenhamos que nos desesperar, arrancar os cabelos na ânsia de não ter que cumprir uma agenda de bons sentimentos com o temor do que o tempo não nos seja propício. Não, absolutamente. Já dizia Jesus: basta a cada dia seu mal. Então, o que penso e que tenhamos consciência que o tempo é pequeno e que precisamos plantar virtudes para colher dignidade, ainda que isto seja hipoteticamente impossível de todos praticarem. Mas não podemos parar de acreditar que podemos melhorar como seres humanos, ainda que esta mudança para melhor venha na velocidade da formação das estalactites e na percepção da velocidade da sombra de uma árvore sob o sol. O que digo é, não cansemos de procurar as respostas, ainda que elas não venham para nós, ainda que cheguem quando estivermos ido para a eternidade, e que apenas as gerações futuras sejam beneficiadas por elas, pois se o tempo da existência do planeta é superior ao nosso é para que não vivamos apenas para nós, mas vivamos para a existência.

Não importa o quando vai demorar encontrarmos a resposta, nem é bom sequer pensar no período que isto vai abranger, o importante é encontramos a resposta. Se fossemos pensar o quanto tempo uma árvores demora para se transformar de uma simples muda até chegar a ser uma grande planta encorpada e completada, desistiríamos ao pensar, nem siquer teríamos motivação para isto. Mas a árvores crescerá, no tempo que for necessário para atingir sua perfeição: por isso plantemos árvores e busquemos as respostas como plantadores de árvores, que pensam não no tempo mas no resultado. Os noves meses de gestação demoram para mãe, mas no relativismo do universo, depois do nascimento aquele tempo de gestação parece ter sido um instante apenas, e o foi, o instante necessário para um ser humano ser gerado e nascer. Assim, o tempo necessário se completará no ciclo da vida, do nascer ao morrer, até que as respostas virem, e quando vierem não serão só nossas.


Sendo assim, ainda que voemos nas asas da nossa fugacidade, possamos deixar congelados no tempo da História avanços na nossa mediocridade. A terra continuará seu giro, independente de nossa vontade até que cesse, mas enquanto não cessar os outros humanos serão impulsionados pela vontade de vencer os problemas e pelo desejo de imitar os virtuosos. De sorte que a nossa brevidade será eterna, e o tempo que passou e nos levou com ele soltará em seu cavalgar nossas soluções para as perguntas da vida, e nossas respostas serão as respostas de muitos outros que por aqui passarão.

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