Coari busca certificação para cacau orgânico

Luiz Vasconcelos
Neste safra, Gilberto dos Santos colheu 1,5 tonelada de cacau, o que deve lhe render cerca de R$ 4 mil
Emerson Quaresma
da equipe de A CRÍTICA

Há 27 anos o agricultor Gilberto dos Santos, 51, cultiva pés de cacau sem o uso de agrotóxicos em Coari (a 370 quilômetros de Manaus), às margens do Rio Solimões. Por não ter produtos químicos utilizados no manejo, o cacau de Gilberto é classificado como produto orgânico. O fruto tem como principal subproduto o chocolate.

Em Coari há pelo menos 150 produtores de cacau orgânico, segundo dados da Secretaria Municipal de Produção Rural (Sempror). Gilberto está entre os produtores que mais se destacam no cultivo, de acordo com o secretário municipal de Produção Rural, Manoel Vicente Lima. Em média, a produção líquida de sementes de cacau do município é de pouco mais de 120 toneladas por ano no período da safra.

Com essa marca, o município, que teve sua economia impulsionada nos últimos anos pelo petróleo e o gás natural, se destaca como o segundo maior produtor de cacau orgânico do Estado, de acordo com levantamento feito pela Secretária de Estado da Produção Rural (Sepror). O primeiro é o município de Urucurituba (a 212 quilômetros de Manaus), na região do Médio Amazonas.

Gilberto dos Santos produz cacau na comunidade de Nossa Senhora da Conceição da Nova Geração, a 30 minutos de lancha da sede do município. No ano passado, o produtor colheu 1.390 mil quilos de sementes de cacau in natura, resultado de 1,6 mil cacaueiros, plantados em cinco hectares de terras. Ele vendeu a produção a atravessadores, a R$ 2,70, o quilo. O produtor faturou aproximadamente R$ 3,7 mil.

Já em 2007, a produção do agricultor superou a safra anterior, uma vez que colheu pouco mais de uma tonelada e meia de sementes de cacau, e com isso arrecadou cerca de R$ 4 mil. A colheita do cacau de Coari ocorre de janeiro a maio, quando o rio está no período de cheia.

O produtor conta que ele e sua família - esposa e cinco filhos - colocam as mãos no cacau preferencialmente no mês de maio. Com o dinheiro que ganha Gilberto fica feliz em dizer que recentemente comprou uma televisão, e em outros anos adquiriu um motor de luz e um pequeno barco.

Sem selo Apesar da classificação do município nas estatísticas do Estado, o cacau orgânico de Coari não tem o selo de produto organicamente produzido, do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). Segundo Manoel Vicente, o selo de certificação agregaria cerca de 30% no valor do quilo da semente do fruto amazônico.

O secretário afirmou que o selo já foi solicitado ao ministério pela Sempror. Contudo, o MDA ainda não definiu a data de visita de um técnico para a avaliação do processo de produção, para que o ministério possa conceder o selo aos produtores de cacau de Coari. "O que deve ser feito até o início do próximo ano", disse o secretário.

Os produtores de Coari ainda trabalham com suas próprias estruturas. A comercialização das sementes é feita in natura. Mas segundo o secretário Vicente, o município, em parceria com o Governo do Estado e o Governo Federal, está planejando a instalação de equipamento agroindustrial para o beneficiamento das sementes.

Segundo o secretário, o Governo quer com isso agregar valor ao produto e gerar renda extra aos agricultores. "Que o produtor do cacau orgânico seja transformado em beneficiador das sementes do fruto", disse Vicente.

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