Jeito de fazer política no País afasta jovens

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André Alves
Da equipe de A CRÍTICA
O número de eleitores jovens no Amazonas, na faixa-etária entre 16 e 17 anos, caiu nos últimos anos. Em 2004, essa parcela da população representava um universo de 52.081 eleitores, de acordo com dados do Tribunal Regional Eleitoral (TRE). Em 2006, o número de votantes na mesma faixa-etária baixou para 51.078 - redução de 1.003 eleitores.Analisada apenas pela diferença numérica, a queda de eleitores jovens no Estado não é expressiva, mas sinaliza para um fenômeno que atinge todo o Brasil: é cada vez maior a fatia de jovens que atingem a idade 'certa' para votar, mas optam por não ir às urnas. Conforme o artigo 14 da Constituição Federal, o voto é obrigatório para os maiores de 18 anos, e facultativo para os maiores de 16 e menores de 18 anos.De acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em 1992, quando, com a pressão dos "caras pintadas", o então presidente Fernando Collor de Melo sofreu impeachment, o número de eleitores com título de eleitor, na idade dos 17 anos, era de 1,8 milhão, ou 2,02% dos eleitores do País. Já a soma dos eleitores com 16 anos era de 1,3 milhão, ou 1,55% dos eleitores. Juntas, essas faixas-etárias representavam 3,57% do eleitorado brasileiro naquele período.Levantamento feito pelo TSE em junho deste ano comprovou uma queda vertiginosa da participação dos jovens nas eleições. Agora, o número de jovens eleitores que porta título de eleitor, com 17 anos, representa 1,5 milhão do universo de votantes, ou 1,26% do eleitorado. O número de eleitores com 16 anos soma 507.939, ou 0,4% do eleitorado. Juntos, totalizam 1,66% dos eleitores com título.
Desolação e campanha
Para o presidente da Câmara Municipal de Manaus (CMM), vereador Leonel Feitoza (PSDB), o desinteresse do jovem pela política, e consequentemente pelo voto, tem um motivo claro: "Isso é fruto da desolação dos jovens com esse quadro político que está aí", diz Feitoza. O vereador é autor do "Parlamento Jovem", um projeto em vigor no Legislativo Municipal que dá a crianças e adolescentes a oportunidade de conhecer o trabalho do vereador.Na avaliação do deputado estadual Artur Bisneto (PSDB), eleito para o seu primeiro mandato parlamentar aos 21 anos, a incompatibilidade dos jovens com as urnas é reflexo da prática da política viciada. "Os jovens de 16 e 17 anos estão em formação. É desestimulante para ele assistir escândalo sobre escândalo na televisão", comenta.
A propaganda da Justiça Eleitoral que será inserida na programação das rádios de todo o País, neste fim de semana, para incentivar os jovens a tirarem o título de eleitor, é ambientada em um estádio de futebol, onde se ouve torcedores bradando: "É campeão" e "Queremos voz". "A mensagem conclama os jovens a fazerem seu título de eleitor, "para serem ouvidos". A orientação é no sentido de que procurem o cartório eleitoral em sua cidade portando, para isso, um documento de identidade com foto e comprovante de endereço, para a confecção do título de eleitor", informa a assessoria de comunicação do TSE.
Número aumentou
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de jovens entre 16 e 17 anos, em 2004, era de 6, 979 milhões. Em 2005, a quantia de jovens nessa faixa-etária subiu para 7,1 milhões. Já em 2006, essa fatia da população saltou para 7,2 milhões. No Amazonas, a parcela da população jovem, entre 16 e 17 anos, também subiu: saltou de 114.633, em 2005, para 130 mil, no ano passado.

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