HISTÓRIA DE COARI: PETRÓLEO

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Apesar de ser uma área produtora de petróleo, a Bacia do Solimões ainda é pouco conhecida. A ausência de afloramentos das seqüências sedimentares paleozóica e cretácea e a presença de áreas ainda bastante inóspitas, com algumas reservas indígenas e florestais, desestimularam durante muito tempo a pesquisa nesta bacia. Porém, os bons resultados da busca de petróleo na Bacia do Amazonas nos primórdios da Petrobras direcionaram a pesquisa para essa bacia, em detrimento da Bacia do Solimões. Dos quase 220 poços perfurados até o momento na Bacia do Solimões, somente 17 deles (15 poços de caráter estratigráfico e 2 pioneiros) foram concluídos entre 1958 e 1963, ou seja, na fase anterior à descoberta da província gaseífera do Juruá. Ainda assim, foram perfurações realizadas nas margens dos grandes rios, propostas com base apenas em estudos gravimétricos (34.750 km de perfis), feitos a partir de levantamentos realizados no período de 1957 a 1960.

A pesquisa para exploração de petróleo, na bacia, foi retomada em 1976, com um levantamento sísmico de reflexão de reconhecimento, onde foi detectada uma inversão estrutural no bloco alto de uma falha reversa de direção geral N.E.-S.O., posteriormente detalhada. Foi o primeiro levantamento de sísmica de reflexão feito na bacia, quando foram utilizadas novas técnicas, aplicadas desde 1970 na Bacia do Amazonas, como cobertura múltipla (CDP–Common Depth Point), sistema digital de gravação e carga moldada, aliadas ao uso de sofisticados programas de processamento em computadores. Com a utilização dessas tecnologias, avançadas para aquela época, foi possível definir, com maior grau de precisão, horizontes sísmicos situados abaixo de 2.500 m de profundidade, apesar da presença de espessas e extensas soleiras de diabásio intrudidas na seqüência permocarbonífera.

A interpretação das linhas sísmicas e conseqüente mapeamento de um refletor situado abaixo de 1,2 s permitiu identificar um alinhamento de estruturas, formando uma feição dômica sobre o bloco alto de uma longa falha reversa. Essa estrutura foi testada pelo poço 1-JR-1-AM (Rio Juruá Nº 1) e os resultados foram positivos: foi descoberta a província gaseífera do Juruá, marcando uma nova era na história do petróleo amazônico. O emprego de helicópteros nessa fase aumentou a produtividade das equipes sísmicas e permitiu utilizar sondas moduladas, sem a dependência direta e limitada das vias fluviais. A partir de 1978, ano da descoberta dessa província, a pesquisa de petróleo na Bacia do Solimões tomou vulto. Com o prosseguimento da atividade exploratória, novas descobertas foram feitas: mais oito campos de gás foram confirmados, ao longo do lineamento do Juruá, entre 1980 e 1984.

Em outubro de 1986, o sonho de sete décadas de prospecção petrolífera na Amazônia tornou-se realidade: foi descoberta a província petrolífera do Urucu. Dois anos depois, o óleo já estava sendo escoado por balsas, através do rio homônimo, até a refinaria de Manaus, a 680 km de distância.

Companhias estrangeiras, sob contrato de risco, ambém participaram dessa campanha exploratória. No final dos anos 80, um consórcio formado pelas empresas Pecten, Elf e Idemitsu executou um programa sísmico de reflexão de 1.988 km na região do rio Coari, a cerca de 120 km a nordeste da província do Urucu, e perfurou um poço pioneiro com 2.124 m de profundidade, mas sem sucesso.

Em 1996, novas e importantes descobertas aconteceram, desta vez em alinhamentos estruturais com orientação diferente dos alinhamentos do Urucu e Juruá, porém com o mesmo estilo tectônico: campo gaseífero do Rio Copacá e província gaseífera do São Mateus.

Nesta fase pós-Juruá, foram perfurados cerca de 200 poços, sendo 146 exploratórios e 54 explotatórios. A bacia está coberta por aproximadamente 62.260 km de linhas sísmicas bidimensionais de reflexão (2D), levantados a partir de 1976. A região do Urucu, mais especificamente a dos campos do Rio Urucu, leste do Urucu e sudoeste do Urucu, está coberta por 34.502 registros (3.939 km lineares registrados) de seções sísmicas tridimensionais de reflexão (3D), levantados numa área de 921 km 2 , os quais só foram obtidos a partir de 1988.

Outros dados disponíveis incluem 64.198 km de perfis gravimétricos, 20.198 km de perfis magnetométricos e 372.788 km de perfis aero-magnetométricos.

Esse esforço exploratório foi coroado com a descoberta de 9 campos de gás na província do Juruá, incluindo a região do Rio Biá, 5 campos de óleo, gás e condensado na província do Urucu, 1 campo de gás no Rio Copacá e 2 campos de gás e condensado na província do São Mateus, além de algumas acumulações subcomerciais nelas contidas. Os volumes “in place” desses campos somam 113,9 bilhões de m 3 de gás e 164,3 milhões de barris de óleo e condensado.

Atualmente, todo o petróleo produzido na Bacia do Solimões provém da província petrolífera do Urucu mas, com os projetos próprios da Petrobras, ora em execução, e os em negociação para parceria, outras áreas, tais como Juruá, Biá e São Mateus, também entrarão em explotação brevemente.

A produção atual está em torno de 35.000 barris (quase 6.000 m 3 ) por dia de líquidos, compreendendo óleo leve (42°API), claro, de excelente qualidade, e líquido de gás natural (LGN), além de, aproximadamente, 1.700.000 m 3 de gás natural.

A meta é produzir diariamente, já este ano, 45.000 barris de óleo e 6 milhões de m 3 de gás natural. Com o processamento desse gás serão obtidas 950 toneladas de gás liqüefeito de petróleo (GLP) por dia, equivalentes a 10.000 barris de óleo ou 70.000 botijões de gás de cozinha. Para tal, estão sendo desenvolvidos projetos de perfuração de mais poços verticais, direcionais e, principalmente, horizontais; ampliação das instalações industriais e de apoio operacional da base do Urucu; e aumento da capacidade de escoamento.

Para alcançar esta última meta, foi construído um poliduto (óleo, GLP e C5+) de 280 km de extensão e 14 pol. (36 cm) de diâmetro, interligando a estação de produção do pólo Arara, instalada no campo do Urucu, ao terminal do Solimões, construído na localidade conhecida como Travessia, a 16 km a montante da sede do município de Coarí. A partir daí, o petróleo é transportado por navios e balsas até a refinaria de Manaus e a outras refinarias do país. Está sendo construído um gasoduto de 18 pol. (46 cm) para escoamento também da fração gasosa.

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2Comentários

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  1. CHATOOO EU TENHO QUE COPIAR ISTO TODINHO QUE MERDA A PROFESSOR FILHA DA MAE

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  2. Bom dia amigo.. Eu quero fazer um trabalho Universitário bem detalhado sobre a exploração de Petróleo em Coari. Gostaria que me desse umas dicas atualizadas... Grato! ^^

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